São Paulo, sábado, 30 de julho de 1994
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Banco Central prevê fusões de bancos

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do Banco Central, Pedro Malan, disse ontem, a respeito das instituições financeiras que sofreram intervenção do BC nos últimos dias, que "todo mundo sabe que vai haver alguma adaptação e ajustamento" ao regime de inflação baixa.
Mesmo assim, Malan procurou dissociar as recentes quebras do grupo Garavelo, Banco Hércules e corretora CR 500, entre outros, do Plano Real. "Eram instituições que já vinham com problemas há meses", disse o presidente do Banco Central.
Ele participou de um almoço com 230 pessoas promovido pelo IBEF (Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros) que pagaram R$ 25 pelo direito de comer e assistir à sua palestra.
Malan acredita que "as instituições vão ter que encontrar seus nichos. Vai haver fusões e algumas compras. A responsabilidade do BC é evitar que haja um processo traumático".
Malan disse que na reunião do Conselho Monetário Nacional de anteontem ficou definida uma nova linha de crédito de redesconto (empréstimo do BC para as instituições financeiras) com juros de 6% ao ano acima da taxa da Selic (Sistema de Liquidação de Títulos Públicos).
O redesconto a esta taxa tem uma linha de crédito limitada a R$ 10 milhões com prazo de pagamento de cinco dias.
Segundo Malan, o BC está querendo transformar o redesconto em mais um instrumento de política monetária. De acordo com o presidente do banco, estas medidas já estavam decididas antes das quebras dos últimos dias das instituições financeiras.
"Tem que se tirar o estigma de que quando uma instituição recorre ao redesconto ela está às portas da falência. Nos demais países é normal um banco saudável recorrer ao redesconto por causa de problemas de liquidez de um ou dois dias", disse Malan.
Ele disse que a taxa do redesconto chegou a ser de 21% a 25% acima do Selic e passou para entre 10% e 12%.
O diretor do BC informou ainda que com o fim da Ufir diária, o governo e, principalmente, a Receita Federal, estão estudando para definir as mudanças tributárias nas operações financeiras.
"As regras adequadas à inflação de 40% ao mês não podem se adequar à inflação baixa", disse Malan, para quem "não há uma data fatídica" para a apresentação da mudança das regras.

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