São Paulo, quinta-feira, 4 de agosto de 1994
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Resposta a Fernando Henrique

FRANCISCO PARRA VALDERRAMA JÚNIOR

Os fundos de pensão são uma vitoriosa experiência no mundo moderno, o que algumas pessoas chamam de "capitalismo social", porque possibilitam uma justa distribuição de renda e um eficaz método de geração de riquezas e de impostos. Em países prósperos como os Estados Unidos, por exemplo, os fundos já detêm 50% do PIB (Produto Interno Bruto).
Aqui no Brasil, apesar da Previ, o maior e mais importante dos fundos, existir há 90 anos, o sistema ainda dá seus primeiros passos, embora com vitórias e conquistas da maior importância.
Os fundos cumprem com acerto e eficiência a sua missão principal, a de garantir a seus associados pensões e aposentadorias dignas, e ajudam o país gerando empregos, impostos, isto é, produtos e progresso.
No entanto, os fundos ainda são desconhecidos de muita gente. Tão desconhecidos que o senador, ex-ministro da Fazenda e candidato à Presidência da República, Fernando Henrique Cardoso, em debate com funcionários do Banco do Brasil, estranhou que a Previ aplicasse dinheiro em shopping center, como se isso fosse um pecado.
Poderíamos argumentar que a simples construção de um shopping já é sinal de progresso, até porque abre oportunidade de trabalho e empregos.
Portanto, investir em shopping não é jogar dinheiro fora; é apenas mais uma aplicação segura de quem precisa administrar com eficiência verbas que dentro de 30 anos serão integralmente utilizadas para pagar aposentadorias e pensões de seus associados.
Mas não é só. O candidato, mesmo tendo exercido o Ministério da Fazenda, não sabe que os investimentos da Previ nos shoppings representam menos de 1% do total de seus ativos, enquanto que mais de 50% está investido em ações de empresas geradoras de empregos, de impostos e de produtos. Trata-se de uma respeitável verba aplicada no futuro do país, no progresso do Brasil.
Além de apostar no Brasil, os fundos de pensão têm contribuído com os sucessivos governos e evidentemente com o país também. Atualmente, 25% dos recursos dessas instituições estão investidos em títulos públicos.
A Previ, com os demais fundos de pensão, tem contribuído patrioticamente para o alongamento do perfil da dívida interna, bem como da melhoria qualitativa dessa, uma vez que atuam no mercado como agentes moderadores das taxas de juros.
No entanto, a boa vontade dos fundos para com o governo nem sempre tem sido alcançada pelos governantes.
Na gestão do próprio senador Fernando Henrique no Ministério da Fazenda, por exemplo, o Conselho Monetário Nacional aprovou uma resolução obrigando-nos a aplicar 35% do nosso patrimônio em Notas do Tesouro Nacional, série "R", com juros correspondentes, na ocasião, a um terço daqueles pagos pelo mercado financeiro.
Uma medida arbitrária, que só não foi implementada porque os fundos recorreram ao Judiciário, e que certamente traria grandes prejuízos aos trabalhadores, a exemplo do que ocorreu com o Plano Cruzado, quando somente a Previ investiu US$ 650 milhões que foram reduzidos, quatro anos após, a apenas US$ 150 milhões.

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