São Paulo, quinta-feira, 4 de agosto de 1994
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Foi pior

LUIZ CAVERSAN

RIO DE JANEIRO – Todo mundo sabia que iria ser um martírio, mas ninguém esperava tanto. O primeiro programa televisivo dos candidatos a deputado estadual e deputado federal pelo Rio foi simplesmente uma desgraça.
Trafegando entre o tétrico e o engraçado, o esforço de uma infinidade de rostos desconhecidos em tentar arrancar o voto do infeliz do cidadão telespectador acabou se convertendo num autêntico circo dos horrores.
Salvo raríssimas exceções em que se tentou alguma inventividade (caso do PV) ou em que sobressaiu o talento pessoal de políticos profissionais (como Cidinha Campos do PDT, Roberto Campos do PPR e Carlos Minc do PT), restou o falso, o risível, o intragável.
Além da demagogia de praxe (notórios escroques posando de moralizadores) e do oportunismo (como o ex-governador Moreira Franco "atuando" de âncora para introduzir os candidatos do PMDB e, claro, se autopromover), o que mais saltou aos olhos foi o amadorismo. Alguns casos alcançaram o mais alto patamar do ridículo.
Seja pela total incapacidade de alguns candidatos articularem qualquer discurso (um deles disse duas frases e errou as duas), seja pela pobreza do aparato televisivo utilizado ou pela "sacada" de marketing (você votaria para deputado estadual em alguém chamado "Onça" ou "Graça e Paz"?).
Em resumo: quem teve a pachorra de perder tempo diante da TV na terça-feira comprovou o óbvio: o sistema de horário gratuito é falido, morto, só falta enterrar.
Se o objetivo do programa eleitoral é permitir que o eleitor "conheça" os candidatos, eles mesmos, candidatos, deveriam ser os primeiros a exigir a mudança deste formato de contato com o público. Esta é a discussão que hoje precisa ser estabelecida.
Nota emblemática: o programa do "collorido" PRN foi ao ar em preto-e-branco.

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