São Paulo, sexta-feira, 5 de agosto de 1994 |
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Não é o papai DIA DE CAMPANHA JOSIAS DE SOUZA
Até ontem, sempre que lhe perguntavam quem financia a sua campanha, Flávio Rocha, presidenciável do PL, respondia com uma palavra: "Papai". Vá lá que um pai dê, aqui e ali, uma mãozinha ao filho. Sobretudo considerando-se o fato de que, dono da Riachuelo, o pai de Flávio Rocha não é um qualquer. Mas só um idiota torraria dinheiro com um candidato que, nas pesquisas de intenção de voto, foi ultrapassado pelo nanico Enéas. Surge agora um fato que pode explicar o milagre da pujança monetária da campanha de Flávio Rocha. Vendem-se na tesouraria do seu comitê bônus eleitorais pela metade do preço. Analisando-se a questão pelo lado jurídico, Flávio Rocha deixa a corrida presidencial para transformar-se em candidato a réu. A ponta-de-estoque instalada em seu comitê é um caso de polícia. A prevalecerem os princípios de seriedade prometidos por Sepúlveda Pertence, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deve exigir, ainda hoje, que o PL entregue toda a sua contabilidade. Aliás, o eleitor deveria pôr sob suspeição todos os partidos que não liberarem agora as suas contas. Seria ingenuidade acreditar que o escândalo do PL é um caso isolado. Quando trataram da regulamentação da lei eleitoral, os ministros do TSE já previam o surgimentos de fraudes como essa revelada hoje pela Folha. A lei obrigou a identificação do doador no canhoto do bônus, mas não tornou compulsória a divulgação do nome dos contribuintes eleitorais. Algo que, no caso do PL, o TSE está agora obrigado a realizar. Flávio Rocha sempre poderá argumentar que desconhecia as irregularidades praticadas sob o seu nariz. Difícil será dar-lhe crédito. Seria algo semelhante a acreditar-se na virgindade da dona de um bordel. Texto Anterior: Caso mostra que a lei é falha Próximo Texto: Avião de Flávio Rocha é vistoriado em Brasília Índice |
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