São Paulo, sexta-feira, 5 de agosto de 1994
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Sarney arma apoio do PMDB a FHC

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

O ex-presidente e agora senador José Sarney (PMDB-AP) está articulando uma operação de desembarque formal do PMDB da candidatura Orestes Quércia para a de Fernando Henrique Cardoso (PSDB-PFL-PTB).
Sarney aguarda apenas a definição, prevista para hoje, do STJ (Superior Tribunal de Justiça) sobre o caso das importações de Israel para avançar nas articulações.
O STJ deve decidir hoje se aceita ou não denúncia contra o candidato peemedebista, que é acusado de estelionato.
O ex-presidente acha que a aceitação da denúncia, embora não implique um pré-julgamento, inviabiliza de vez a candidatura Quércia.
Concorda com ele Pedro Simon (PMDB-RS), líder do governo no Senado. Simon compara o caso de Quércia com os de José Paulo Bisol e Guilherme Palmeira, ex-vices, respectivamente, de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de FHC.
Contra os dois não pesou acusação alguma de ilegalidade, mas de imoralidade, cuja validade, aliás, Simon questiona. Já no caso de Quércia, a acusação é de estelionato. "E assim mesmo, ele permanece?", pergunta o líder do governo.
Simon acha que o depoimento do ex-presidente Ernesto Geisel, que disse que Quércia não foi cassado porque votava com o governo militar, criou um fato novo. "Isso é muito grave porque o então MDB pagou uma conta muita cara pela oposição ao regime", diz.
Antes mesmo de o STJ se pronunciar e de a operação desembarque deslanchar, na prática Quércia já está sendo abandonado em massa pelos peemedebistas.
Quase todos os candidatos aos governos estaduais do partido que têm viabilidade eleitoral já desembarcaram. São os casos de Wilson Martins (MS), Garibaldi Alves (RN) e Antônio Mariz (PB).
No Rio Grande do Sul, Antônio Britto rompeu com Quércia muito antes, mas, esta semana, fez questão de dar mais uma demonstração pública de distanciamento.
Na terça-feira, reuniu-se longamente com Paulo Renato de Souza, coordenador do programa de governo de FHC, a pretexto de discutir caminhos para obter financiamentos internacionais para o futuro governo gaúcho (Paulo Renato trabalha no Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Só falta agora Britto anunciar de público o seu voto em FHC. Não o fez ainda porque não vê necessidade de fustigar Lula, pois está em situação tão cômoda nas pesquisas que basta não errar muito para se eleger ainda no primeiro turno.
Mesmo as bases ou abandonam o presidenciável formalmente ou cruzam os braços. No Rio Grande, os prefeitos de cidades importantes como Novo Hamburgo e Erexim foram para Leonel Brizola.
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Sobre Quércia às págs. 6 e 7

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