São Paulo, sábado, 6 de agosto de 1994
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PL quer renúncia e deve apoiar FHC

DANIELA PINHEIRO

DANIELA PINHEIRO ; EDNA DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

EDNA DANTAS
O PL (Partido Liberal) deve pedir a renúncia do candidato à Presidência, Flávio Rocha, na reunião da Executiva Nacional do partido amanhã, em Brasília.
Confirmado o afastamento de Rocha, a tendência do PL é apoiar a candidatura de Fernando Henrique Cardoso (PSDB-PFL-PTB).
A venda ilegal de bônus eleitorais registrada na edição de ontem da Folha, e a contratação do "grupo collorido" para o comando de sua campanha foram a gota d'água para a desgraça do candidato, segundo apurou a Folha.
Hoje, no horário eleitoral gratuito do PL em São Paulo, João Mellão Neto, candidato à reeleição à Câmara dos Deputados, e Gilberto Kassab, candidato a deputado estadual, vão pedir a renúncia do presidenciável.
Desde o ínicio do mês, ex-assessores do ex-presidente Fernando Collor assumiram a campanha do candidato do PL. A pouco menos de dois meses da eleição, Rocha não sai do 1% de intenção de voto, segundo o Datafolha.
Foram chamados o especialista em marketing político, Juca Colagrossi, o produtor Ronaldo Monte Rosa e o ex-presidente da Radiobrás Marcelo Netto.
Todos são amigos pessoais de Collor e participaram da coordenação de campanha do ex-presidente na disputa de 89.
Anteontem, Colagrossi e Monte Rosa chegaram a Brasília no jatinho particular do candidato. Eles também tiveram a bagagem revistada pela Receita Federal no aeroporto. O avião de Rocha foi inspecionado por fiscais.
Com a incorporação do "grupo collorido", o partido ficou divido. Um grupo passou a defender a competência dos novos assessores e outro a temer a identificação de Rocha com Collor.
Além da equipe, Rocha teria características que lembrariam o ex-presidente: homem novo, rico, de boa família e com propostas inovadoras. A combinação poderia ser um desastre, na avaliação de alguns integrantes do partido.
O presidente do PL, deputado Álvaro Valle (RJ), chegou a mandar uma carta pessoal ao assessor direto de Rocha, Eduardo Portela, advertindo-o sobre o "casamento" com os amigos de Collor.
Ontem, Valle voltou a escrever ao candidato. Desta vez, para pedir uma devassa nas contas de campanha do PL.
O partido quer que Rocha encaminhe para análise da Executiva, o balanço financeiro que reflita o saldo das operações já realizadas.
Além disso, foram solicitados ao candidato os canhotos dos bônus já utilizados, com a identificação dos doadores e os bônus ainda não-utilizados.
O partido solicitou também os comprovantes de todas as despesas realizadas e os extratos de contas bancárias abertas com a finalidade de registrar a movimentação dos recursos da campanha.
Em nota divulgada no Rio, Valle disse que "o partido tem o dever ético de examinar, quando há denúncias ou suspeitas, o comportamento dos candidatos para os quais pede a confiança dos eleitores".

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