São Paulo, sábado, 6 de agosto de 1994
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Polícia Federal apreende bônus do PL

AMÉRICO MARTINS
CLÁUDIA TREVISAN

AMÉRICO MARTINS; CLÁUDIA TREVISAN ; CARLOS MAGNO DE NARDI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal apreendeu ontem 49.012 bônus eleitorais, no valor total de R$ 11.424.200,00 na sede da empresa Guararapes, de propriedade de Nevaldo Rocha –pai do candidato do PL à Presidência, Flávio Rocha.
A apreensão dos bônus eleitorais, dos cheques recebidos a título de contribuição para a campanha do PL e dos livros de contabilidade do partido foram determinadas pelo corregedor-eleitoral de São Paulo, Márcio Martins Bonilha.
A ordem para que Bonilha determinasse as apreensões foi dada pelo corregedor-geral do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Sidney Flaquer Scartezzini.
Além da operação na Guararapes, três agentes da PF (Polícia Federal) e um oficial de Justiça tinham instruções para apreender material também na sede do PL em São Paulo e na empresa Riachuelo.
A primeira busca da PF foi na sede da Riachuelo, no bairro da Casa Verde (zona norte de São Paulo). Os agentes chegaram por volta das 18h. Esperaram por mais de uma hora por Nevaldo Rocha.
Ele levou os agentes para o cofre, na Guararapes –que fica no mesmo quarteirão da Riachuelo.
Segundo Nevaldo Rocha, a PF apreendeu todos os bônus solicitados pelo PL. Ele afirmou que não há nenhum outro lote de bônus nas sedes do partido, nem em São Paulo e nem em Brasília.
A segurança da Riachuelo relutou em deixar a PF entrar, mesmo após a apresentação do mandado de busca e apreensão. Um dos seguranças chegou a bater o portão contra o carro dos policiais, na tentativa de barrá-los.
Segundo Bonilha, o cofre da Guararapes é um local "impróprio" para a guarda de tais documentos. Os bônus deveriam estar sob a guarda do partido, e não no cofre de uma empresa privada.
Bonilha quer comparar os canhotos dos bônus eleitorais, os bônus emitidos, os cheques e os valores e nomes registrados na contabilidade do partido. A partir dessa comparação, vai ser possível comprovar as irregularidades na emissão e distribuição dos bônus.
Segundo Bonilha, Flávio Rocha pode ter a candidatura cassada com base no artigo 49 da lei eleitoral. O artigo prevê que "a infração às normas que regem a administração financeira da campanha eleitoral sujeita o candidato à cassação".
O presidente regional do PL em São Paulo, vereador Gilberto Kassab, disse que os bônus comercializados de forma irregular são de única responsabilidade do candidato Flávio Rocha.
Durante depoimento ao juiz eleitoral Waldir de Souza José, Kassab disse que esses bônus foram repassados para Rocha pela Executiva Nacional do partido.
Kassab compareceu espontaneamente ao TRE antes de sua convocação. O PL pretende pedir a renúncia de Rocha e entrar com queixa-crime contra o candidato.
O corregedor-eleitoral Márcio Bonilha convocou os jornalistas Xico Sá, Vicente Duarte, além de Nevaldo Rocha e Teófilo Furtado, para deporem na segunda-feira.

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