São Paulo, domingo, 7 de agosto de 1994 |
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Entidade denuncia extermínios em PE
FÁBIO GUIBU
A informação é do Centro Luiz Freire, maior organização não-governamental do Estado ligada aos direitos humanos. No período examinado pelo centro, a média é de 201,5 mortes por ano, que teriam sido cometidas por exterminadores. Só no período entre janeiro de 1992 e maio de 1994, a entidade catalogou 309 homicídios atribuídos aos esquadrões da morte. Segundo o coordenador do gabinete de assessoria jurídica do Centro, Jaime Benvenuto, 32, as maiores vítimas dos ataques são homens com idades que variam entre 22 e 35 anos. As mulheres, afirmou, representam 4% do total dos mortos. Suas mortes estariam associadas ao envolvimento afetivo com os alvos dos grupos ou então à "queima de arquivo". A violência extrema contra as vítimas é a principal característica da ação dos exterminadores, disse Benvenuto. Os assassinatos, na maioria dos casos, são precedidos de sequestro e rituais de torturas, afirmou. Os corpos são encontrados quase sempre em locais de difícil acesso, na periferia das cidades. Segundo Benvenuto, dados do IML (Instituto Médico Legal) apontam que a maioria das vítimas é morta a tiros. O revólver é a arma mais utilizada, seguida da espingarda calibre 12. A parte do corpo mais visada é a cabeça. Perfil Em levantamento feito na 1ª Vara de Homocídios de Recife, o Centro Luiz Freire identificou 50 processos contra supostos matadores, abertos entre 1991 e 1993. A pesquisa apontou 147 pessoas que estão sendo processadas, acusadas de participação em ações coletivas de extermínio. Entre os acusados estão nove policiais militares e quatro civis. Do total de processados, 71,4% têm entre 18 e 30 anos de idade. Ainda segundo o levantamento, 59 suspeitos não têm antecedentes criminais e 19 respondem processo em liberdade. Basicamente, seriam três os motivos que supostamente os teriam levado a cometer os crimes: dinheiro, vingança ou o sentimento de se fazer justiça com as próprias mãos. O perfil sócio-econômico dos acusados é semelhante aos das vítimas. São pobres, jovens, do sexo masculino e analfabetos ou semi-alfabetizados em sua maioria. Texto Anterior: 'A lei deve ser forte para quem merece' Próximo Texto: Secretário critica dados Índice |
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