São Paulo, domingo, 7 de agosto de 1994
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Saiba comparar poupança com inflação

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

O fato de a caderneta ter rendido 5,55% num mês em que o IPC-r chegou a 6,08% pode ter deixado muitos poupadores em dúvida se perderam dinheiro.
Nessa comparação é preciso, antes de tudo, conhecer melhor os vários índices que vêm sendo divulgados.
Para julho, o primeiro mês do real, vão aparecer taxas de 4% a 40%, como ocorreu com o IGP-M.
É que existem várias formas de se medir a inflação. As taxas também sofrem influência do período em que foi realizada a pesquisa.
A taxa mais baixa resulta da comparação de preços médios convertidos em URV ou em R$ com preços em URV no período anterior. É a que vale para os futuros reajustes de contratos, conforme o artigo 38 da lei 8.880.
A taxa mais alta resulta somente da comparação de cruzeiros reais. Para isso, os preços coletados já em julho, e portanto em reais, são multiplicados por 2.750.
A coleta de preços dos índices referentes a julho nem sempre avança até o final do mês. A do IPC-r, por exemplo, chegou até o dia 14. A do IGP-M, até o dia 20.
Quanto mais recente é a pesquisa, menor a influência das remarcações de preços em cruzeiros reais que ocorreram na virada para o real.
Só a comparação de preços médios em reais de agosto com os de julho vai mostrar a inflação efetiva da nova moeda.
O quadro ao lado traz diferentes cálculos em cima da evolução do custo médio da cesta básica pesquisada em São Paulo pelo Procon-Dieese, em cruzeiros reais, URV e R$.
É uma forma simplificada, usada apenas para facilitar o entendimento. A própria cesta básica é mais uma amostra do que uma medida de inflação.
Quando se comparam preços médios, método universalmente aceito para se medir a inflação, não é registrada a variação efetiva no intervalo de 30 dias.
Isto aparece no chamado índice ponta a ponta, que sequer é divulgado. Entre 1º e 29 de julho, a cesta básica caiu 4,69%. Comparando-se a média da cesta em cinco dias de julho (R$) com cinco (URV) de junho, dá +4,75%.
Usando-se a metodologia tradicional –preços em reais x 2.750 contra cruzeiros reais–, a "inflação" ainda é de 25%, um mero resíduo estatístico.

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