São Paulo, domingo, 7 de agosto de 1994
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Dança salva lapsos teatrais em 'Tip e Tap'

MÔNICA RODRIGUES COSTA
EDITORA DA "FOLHINHA"

Em "Tip e Tap – Ratos de Sapato", musical de sapateado dirigido por Ronaldo Tasso, você vai assistir a um espetáculo de dança envolvente, com músicas de ritmos variados –frevo, samba, rock, blues. A trilha sonora é de Tim Rescala com arranjos de Monique Aragão.
Há enredo e ação no espetáculo. Contada de várias formas (nas canções, durante o sapateado, em cenas com representação cursiva, fluente), a história mostra um casal de ratos apaixonados.
A mãe (Bia Pontes) espera um bebê, que a cegonha Regina (Alice Borges) entrega errado.
Vêm gêmeos, o ratinho Tip e a Tap. Quando crianças, seus papéis ficam por conta de Bruno Araújo e Debby Pessanha, que atuam em cenas rápidas.
Eles crescem e são interpretados por Sabrina Korgut e Renato Oliveira. A passagem do tempo fica natural, com base em um texto que nesse momento é fluente.
Por exemplo, os pais aparecem de cabeças grisalhas, em efeito interessante. Os atores têm um repertório variado de gestos, expressões, movimentos. Saltam com fluência do sapateado para a representação mais linear.
A cegonha volta, diz que trocou as crianças. A ratinha precisa ser devolvida a outra família. O texto (de Vinícius Marques) é transformado em drama mal resolvido.
O ritmo e a qualidade caem. Surgem falas "clichês", como "Deus sabe o que faz", para expressar a tristeza da notícia.
Alice Borges segura a história. Suas expressões são engraçadas. É a melhor atriz em cena, mesmo quando seus solos se estendem com um certo excesso.
Talvez pela diversão que provocam na platéia. Mas essa duração esvazia a eficácia do humor. Alice poderia conter um pouco mais o "improviso" ou o apelo de participação ao público.
O tema central é cortado por tramas secundárias. Os produtos da despensa onde os ratos vivem, brigam entre si em quadros de dança e breves diálogos.
Flavia Rinaldi exagera na interpretação do Leite Condensado, assim como Suzana Apelbaum, em sua Lata de Limpeza.
Ambas resultam estereotipadas. O texto não ajuda. Os recursos de uma linguagem mais criativa não são regulares.
Mas os personagens da despensa são bem desenhados e despertam a curiosidade. O figurino é colorido e cheio de detalhes (criado por João Gomes).
O espaço cênico é pequeno para os números de dança. O cenário aparece espremido e restringe a movimentação.

Peça: Tip e Tap – Ratos de Sapato
Direção: Ronaldo Tasso
Elenco: Alice Borges, Sabrina Korgut, Bia Pontes e outros
Onde: Teatro Ruth Escobar, sala Dina Sfat (rua dos Ingleses, 209, tel. 289-2358)
Quando: Sábados e domingos, às 16h
Quanto: R$ 3,00

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