São Paulo, domingo, 7 de agosto de 1994
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A PLANTA DO AR

Grand Cayman
Esse tufo que nasce de um salobro nada,
Polvo invertido, braços para o céu,
Rebento ressequido de palmeira de angra,
Quase ave –de ave quase um escarcéu,
É pulmonar ao vento que lhe move
Os tentáculos num meneio traiçoeiro.
A goela do lagarto, absorto com a mosca,
Infla-se, cauta, nesse trêmulo poleiro.
Serras e acúleos do cactus sangram
Leite da terra quando os vão cortar,
Mas este, sem espinhos, não espalha sangue,
Quase nem sombra, só a fala do ar.
Dínamo angelical! Ventríloquo do Azul!
Enquanto o mar, covil de tubarões, se esgueira
Na praia, que conjuração dos ventos urde
O furacão –a apoteose derradeira!
Tradução de AUGUSTO DE CAMPOS

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