São Paulo, domingo, 7 de agosto de 1994
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Como morrer na praia

Clóvis Rossi

CLÓVIS ROSSI
CURITIBA

Antes mesmo de Fernando Henrique Cardoso começar a encostar em Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas, já havia escrito neste espaço que o meu "feeling" era o de que ou Lula ganhava no primeiro turno ou estava condenado a morrer na praia outra vez.
Acompanhar as eleições nos três Estados do Sul (RS, SC e PR) só reforça essa sensação. Os motivos, não necessariamente pela ordem de importância:
1) O PT ainda é um partido em fase de implantação fora das capitais e de alguns grandes núcleos urbanos. Tarso Genro, o prefeito petista de Porto Alegre, por exemplo, constata que o partido é forte na Grande Porto Alegre mas só agora começa a ganhar uma "massa crítica" de intelectuais médios, formadores de opinião, nas demais cidades importantes do Estado.
2) Os supostos grandes eleitores para um segundo turno entre Lula e FHC inclinam-se muito mais pelo tucano. O favorito no Rio Grande do Sul, Antônio Britto, já é "fernandohenriquista" faz tempo.
Em Santa Catarina, o único candidato que poderia ir para Lula, o senador Nélson Wedekin (PDT), está em quarto lugar no mais recente Datafolha. E, ainda que ganhe e apóie Lula, leva apenas parte da coligação que formou, pois seu vice, Vilson Souza, é do PSDB.
3) As queixas do PT contra o comportamento da mídia tornam-se bem mais justificadas quando se olha para o panorama regional. A má vontade (para usar expressão bastante amena) em relação ao PT e seus candidatos muitas vezes ultrapassa o limite do que seria aceitável, ou seja, o fato de cada meio de comunicação ter o direito de apoiar, editorialmente, o candidato que bem entender.
Não bastasse tudo isso, o PT ainda cometeu um erro grosseiro de avaliação ao subestimar o efeito eleitoral que o real teria. Ganhar a eleição contra tudo isso será uma proeza para constar no Guiness.

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