São Paulo, segunda-feira, 8 de agosto de 1994 |
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Bispo Macedo faz campanha anti-Lula
CLÁUDIA TREVISAN
Três exemplares recentes do jornal "Folha Universal" trouxeram Lula em sua capa. Um deles tinha a seguinte manchete, escrita em letras vermelhas: "Lula apela para o candomblé". Abaixo dela, há uma foto de Lula na Baixada Fluminense com a mãe-de-santo Nitinha. A vinculação com o candomblé não é bem vista pelos evangélicos. A "Folha Universal" explora esse aspecto e insinua que Lula procura integrantes de várias religiões, inclusive evangélicos, na esperança de receber seus votos. "Está escrito que ninguém pode servir a dois senhores. Como uma pessoa pode estudar a Bíblia, falar com os evangélicos e, ao mesmo tempo, comparecer a uma lugar onde vai se consultar com exus?", observa Edir Macedo no jornal. O exu é um orixá equivalente ao demônio dos católicos. No número que circulou na semana de 19 a 25 de junho, Lula aparece em uma foto com a bandeira brasileira sem a expressão "ordem e progresso". A manchete, que ocupou a parte inferior da primeira página, é "Sem ordem e sem progresso". O texto lembra a afirmação de Lula de que entre a "coisa justa" e a lei, ele preferia a primeira. "Imagine um presidente da República que não respeita as leis e não será difícil imaginar uma sociedade perdida entre a marginalidade e o caos", diz o jornal. O mesmo texto afirma que o PT defende a invasão e ocupações de terra, o calote da dívida externa, a estatização, a descriminalização do aborto e o "casamento" entre homossexuais. O número da "Folha Universal" que iniciou a campanha contra Lula tinha a seguinte manchete: "PT defende aborto e casamento de homossexuais". A "Folha Universal" também ataca o pastor presbiteriano Caio Fábio, presidente da AEVB (Associação Evangélica Brasileira). Fábio é ligado a setores evangélicos progressistas e tem encontros frequentes com Lula. Macedo é um dos dirigentes da CNPB (Conselho Nacional dos Pastores do Brasil). Na eleição presidencial de 89, Macedo afirmou que Lula era o candidato do demônio e perseguiria os evangélicos se eleito. A Igreja Universal do Reino de Deus apoiou Fernando Collor, que recebeu cerca de 70% do voto dos evangélicos no segundo turno. Alguns números alcançam tiragem de 1 milhão e são distribuídos também no Nordeste e Sul, caso de dois que tinham Lula na capa. Texto Anterior: Políticos apelam a Deus na disputa pelos votos Próximo Texto: PT quer direito de resposta em jornal Índice |
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