São Paulo, segunda-feira, 8 de agosto de 1994
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O PT e a SAE

MARCELO BERABA

SÃO PAULO – O deputado federal José Genoíno recebeu quarta-feira passada um telefonema do ministro Mário César Flores, da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE).
Flores estava preocupado em desmentir a informação, cada vez mais frequente, de que seus funcionários estariam atuando na campanha presidencial.
Uma boa parte dos funcionários da SAE é herança do antigo Serviço Nacional de Informações, extinto durante o governo Collor.
Apesar do esforço, principalmente no governo Itamar, de se mudar a filosofia de trabalho do serviço de informação, sabe-se que muitos destes funcionários ainda agem como arapongas.
O recado do almirante Flores não acalmou o partido, tanto que o assunto pode ser discutido hoje pela coordenação da campanha de Lula.
E o deputado José Genoíno deixou acertado com o dirigente da SAE um encontro pessoal, em Brasília, que pode ocorrer ainda esta semana.
O PT especula que estão sendo preparados sequestros, assaltos e outras ações criminosas, principalmente no Rio, e que estes atos seriam atribuídos ao PT, à CUT e ao Comando Vermelho (que controla parte do crime organizado no Rio). Seriam ações para desmoralizar o partido.
Além disso, estaria sendo feito um acompanhamento da campanha do PT e um levantamento regular de dados sobre Lula e o partido.
Na conversa que teve com Genoíno quarta-feira passada, Flores considerou estas informações sobre a sua secretaria como "futricas".
Flores lembrou ao deputado petista que já tinha enviado recado para o PT se acalmar há dois meses, quando recebeu uma comissão de parlamentares que fora tratar de outro problema explosivo, o dos sem-terra.
A opinião dentro do PT é a de que o almirante Flores não tem o controle completo sobre as ações da SAE. A estratégia do partido deve ser a de obter do almirante o compromisso de esclarecer de forma categórica se as denúncias têm procedência ou não.

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