São Paulo, terça-feira, 9 de agosto de 1994
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Medidas buscam não comprometer o Real

SUZANA BARELLI
DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

A maior dificuldade deste plano de safra é a sua quase coincidência de datas com o plano de estabilização –o Real.
O plano de safra chega em um momento em que, para manter a coerência do Real, o governo não pode mexer na TR nem ampliar as exigibilidades dos depósitos à vista que foram congeladas nos valores de junho passado.
Os depósitos à vista são fontes de dinheiro mais baratos e permitiriam ao governo formar um "mix" de recursos com custo mais acessível ao agricultor.
Hoje, pouco mais de um mês após o Real, nenhum produtor quer ouvir falar em novos empréstimos em TR.
"O plano não vai mudar os contratos já em andamento", afirma Gesner Oliveira, secretário-adjunto de Políticas Estruturais do Ministério da Fazenda.
Outra questão é a falta de um cenário claro sobre março de 95, quando começa a comercialização da safra. A única garantia é que os preços mínimos, hoje congelados, serão revistos nesta época.
"O governo não tem como saber qual taxa de juros pode ser boa na época da colheita", diz Brasílio Araujo, presidente da Companhia Nacional de Abastecimento.
As equipes dos Ministérios da Fazenda e da Agricultura estudaram propostas para aliviar o produtor do impacto financeiro do plano. Foram analisadas, por exemplo, a flexibilização da TR e dos juros.
Outra saída, já descartada, foi indexar a dívida agrícola a uma TR fixa. O problema aqui foi saber, por exemplo, se uma taxa de 20% fixa será compatível com a realidade de comercialização da safra no próximo ano.
Nos estudos, havia o temor de que a taxa de juros embutida no plano ficasse muito baixa, distorcida da realidade do mercado. Neste caso, poderia haver muita demanda por crédito e os recursos seriam insuficientes.
Com juros baixos, os agricultores poderiam deixar de aplicar recursos próprios no campo ou tomar o dinheiro barato no banco e aplicá-lo no mercado financeiro.
Outra preocupação foi evitar o descasamento entre a correção financeira do custeio 94/95 com os financiamentos já concedidos. (SB)

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