São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 1994
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Pesquisas desanimam militância petista

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O discurso de Lula na reunião do diretório inverteu a lógica do partido: o candidato, habituado a incendiar a militância da legenda, tentou animar a cúpula.
O diretório petista é a instância mais alta de deliberação do partido, tirando a convenção. No jargão do PT, lá só há lugar para "caciques".
Mas Lula percebeu que mesmo a cúpula começa a desanimar com os rumos da corrida eleitoral.
"Não é momento para desanimar por causa de pesquisas", disse o candidato para os dirigentes do partido. Lula fez um apelo para que os ouvintes levassem às ruas a militância petista.
Aí surge um problema: pela primeira vez em muitas campanhas eleitorais, o partido sente que seus apoiadores não estão engajados totalmente na disputa pelos votos, pelo menos até agora.
Não há consenso sobre os motivos: os diagnósticos sobre os motivos da apatia vão desde a distância ainda longa do dia da eleição até ao processo de burocratização que é vivido nas instâncias do PT.
A intervenção de Lula e o próprio temor de que a exposição das feridas internas pudesse comprometer a frágil unidade partidária num momento de crise da campanha tornaram a reunião muito menos explosiva do que as anteriores.
Pela primeira na história recente do partido, não houve tentativas de linchamento político na reunião.
O raciocínio hegemônico é que a única coisa importante hoje é estancar imediatamente a queda de Lula e, assim, ao menos garantir a realização do segundo turno.
Há um mês, a cúpula petista dava Lula como dono de 35% dos votos consolidados. Hoje, pensa que uma queda abaixo de 25% pode levar FHC ao Planalto no primeiro turno.

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