São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 1994
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Uso da psicanálise é essencial no tratamento da psicose, diz estudo

DA REPORTAGEM LOCAL

Doentes de psicose, avaliados um ano após início do uso de medicamentos e sem psicanálise, apresentaram a mesma configuração de desenvolvimento mental do início do tratamento.
É o que aponta o mestrado de Erandy Lopes, defendido no último dia 10 no Departamento de Psicologia Social do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo).
Durante o estudo, a pesquisadora colheu o depoimento de 22 doentes e selecionou dez. Os escolhidos apresentavam os discursos que Erandy considerava mais significativos.
"Esse resultado sugere a necessidade de um trabalho de psicanálise com esses doentes, inclusive dentro dos hospitais psiquiátricos", diz.
Erandy Lopes, além de pesquisadora da Faculdade de Medicina da USP, é psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.
Ela é graduada em enfermagem pela Universidade Federal da Bahia.
A pesquisadora propõe também uma reavaliação do que chama de parâmetros morais para a avaliação da melhora dos psicóticos.
Os medicamentos, afirma Erandy, podem facilitar a integração social do doentes, já que eles passam a comer e param de tirar a roupa, por exemplo. Mas os jogam em um estado de apatia
Os delírios cortados pelos medicamentos podem ser sinais de melhora do paciente, segundo a pesquisadora.
Os doentes de psicose podem manifestar dinfunções diferentes. A cisão da vida afetiva, por exemplo. Um dos casos citados por Erandy reforçava isso chamando as pessoas de "unidades" e os pais de "ascendentes físicos".
Outro caso é a projeção. O doente joga no interlocutor coisas que estão em sua cabeça, criando situações. Um paciente dizia a ela durante a entrevista: "eu sei que você está rindo de mim".

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