São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 1994
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Ben Jor grava nos estúdios de Prince

MARCELO REZENDE
ENVIADO ESPECIAL A MINNEAPOLIS

Jorge Bejor abandona a "levada" do samba e se prepara para ir de encontro às pistas de dança do mundo. No lugar da percussão brasileira, aparece o funk criado pelos músicos da cidade americana de Minneapolis, no estado de Minessota, meio oeste dos EUA. O que, em poucas palavras, se traduz na figura do músico Prince e seu estúdio de Paisley Park.
Com três estúdios, o lugar possui o que há de melhor na tecnologia de produção, gravação e mixagem de som. Uma espécie de fábrica de, e para, músicos. O laboratório responsável por uma série de discos de ouro e platina.
E não só de Prince, o dono de Paisley. Mas também de vários músicos e grupos que aqui realizaram seus trabalhos, como George Clinton e a banda REM.
E é exatamente aqui que a Warner prepara, pela falta de um nome melhor, o que é conhecido como "Projeto Ben Jor". O que significa refazer os sucessos do cantor, através de arranjos menos locais e mais internacionais.
O projeto tem um orçamento não revelado, mas se sabe que a produção custará até seu final "o dobro do que normalmente se gasta com um disco de um grande nome da MPB, como Gilberto Gil", disse Paulo Junqueira, 34, diretor artístico da Warner Brasil.
As gravações trarão apenas músicos americanos. A participação de Prince não está prevista, apesar de toda a equipe esperar uma boa ação do acaso.
Os novos arranjos ficaram a cargo do baixista Paul Peterson (membro de uma das várias formações da Steve Miller Band e que acompanha Prince em suas turnês), e de Kirk Johnson, membro da New Power Generation, a banda de Prince em sua passagem pelo Brasil, em 1990.
Peterson, apesar de ter conhecido o som de Benjor só há alguns meses, acha que não existe a possibilidade de transformar as canções em qualquer outra coisa que não seu melhor.
Ou seja, manter o tipo especial de som que apenas Benjor possui: "Ouvimos as gravações de um disco ao vivo de Jorge e nos interessamos em realizar o projeto aqui em Paisley Park. Nós o convidamos para tocar sua guitarra, e não apenas colocar seus vocais sobre a base. Afinal, sua "levada" é inimitável. Mas uma mudança é clara, um som mais 'swingado' onde os metais agem de forma discreta dando lugar ao baixo".
Mas os backing vocals de uma dupla de cantoras trazidas de Nova York conferem uma estranheza ímpar aos refrões como "Fio Maravilha, nós gostamos de você". É Ben Jor com sotaque internacional.
Quem também acredita na possibilidade de um som ao mesmo tempo universal e particular em Benjor é Ruby Marchand, diretora artística da Warner International: "A idéia de transformar os arranjos das canções de Jorge não significa que estamos pensando só no que a Europa e EUA pensarão de seu trabalho. Esse é um disco para também estourar no Brasil", diz.
Para Jorge Ben Jor, todas essas mudanças são teóricas demais. "Eu continuo a fazer minha música. E eu sigo a proposta. Se a proposta é a mudança, então a gente faz a mudança". Para ele o que há de mais importante, a maneira que tem de encarar sua música, um veículo para a dança, continua o mesma. Com samba ou com funk.

O jornalista Marcelo Rezende viajou a convite da Warner

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