São Paulo, sábado, 20 de agosto de 1994
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Demanda vai definir o ritmo da inflação

DA REPORTAGEM LOCAL

O processo de queda dos preços da cesta básica está começando a se esgotar. A avaliação é de Ernesto Moreira Guedes, sócio da consultoria MCM e responsável pela análise de preços.
Para ele, dois fatores contribuíram para o comportamento baixista: 1) as alta na virada de junho para julho, "muito acima do razoável"; 2) a existência de uma enorme dispersão (cada ponto de venda estabeleceu um preço diferente para o mesmo produto). "Hoje, existe alguma dispersão só em um ou outro produto", diz.
Guedes traça o seguinte cenário para a inflação medida pela Fipe: 1,5% a 1,8% para este mês, estabilidade em setembro e acima de 2% para outubro.
A sazonalidade do vestuário (troca de estação), alguma elevação da carne e o impacto antecipado em alguns preços do reajuste do salário mínimo (que só será recebido pelo trabalhador em outubro) poderiam, segundo Guedes, pressionar o índice, apesar da queda prevista dos alimentos in natura.
A inflação sobe mais em outubro por causa da entressafra agrícola e pela pressão salarial, que vai se traduzir em algum crescimento da demanda.
Tereza Fernandes, da consultoria Mendonça de Barros & Associados, prevê queda em setembro. "Hoje, a Fipe está subindo por três fatores: transporte, serviços pessoais e alimentos in natura. Transporte e serviços pessoais vão estar zerados em setembro e os alimentos in natura vão cair."
Em outubro, diz Tereza, o índice sobe "porque vamos estar na cabeça da entressafra".
Ela prevê, na Fipe, 1,7% para este mês e 1,3% para setembro. "Não faço previsões numéricas para outubro. Existe a incógnita da demanda. Se ocorrer uma explosão nos moldes do Plano Cruzado, a inflação pode subir mais."
Guedes acredita que o crescimento da demanda tem sustentação, mas não é explosivo. Tanto que aposta em algum recuo dos índices para novembro.
Para ele, a inflação está refletindo movimentos de sazonalidade e de ajuste de preços relativos entre a indústria e o comércio e entre o comércio e o consumidor. Não há, diz, uma tendência de crescimento contínuo dos índices.

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