São Paulo, sábado, 20 de agosto de 1994
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Betty Milan faz leitura erótica

FERNANDA SCALZO

A escritora Betty Milan e a poeta Neide Archanjo fazem hoje às 18h, no auditório do 3º pavimento da Bienal, uma sessão de leitura inusitada. Durante meia hora, as duas intercalam as vozes em fragmentos da narrativa erótica "A Paixão de Lia", livro de Betty Milan recém-lançado pela Globo.
"Escolhi os trechos mais evidentemente eróticos", diz a escritora que, entretanto, garante, não quer provocar. Betty reivindica a leitura de seus textos como uma forma de legitimar e autorizar a fantasia feminina. "É preciso correr o risco de ser chamada de despudorada para poder se tornar sujeito do próprio desejo", diz a autora sobre a leitura dos fragmentos de "A Paixão de Lia" em voz alta.
Mas que não se pense que Milan é uma porta-voz da revolução sexual feminista. Ao contrário, o discurso de Lia, a protagonista do livro, é o da mulher que quer ser cortesã, que não sabe bem onde sente o que sente, que se utiliza das metáforas mais variadas para cercar seu desejo.
É justamente do fato de não precisar assumir um discurso agressivo que vem a originalidade de "A Paixão de Lia". "Na literatura erótica produzida por homens o erotismo resulta da transgressão e o sexo é explícito. No meu texto o erotismo é produto da imaginação, não implica na transgressão e não requer a violência", diz Milan.

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