São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 1994
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Pequenos e médios fazem comitê pró-Lula

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 200 pequenos e médios empresários da cidade de São Paulo se engajaram na campanha de Lula por convicção política. A maioria foi militante ou simpatizante de organizações de esquerda na fase estudantil.
Branislav Kontic foi simpatizante do grupo estudantil trotskista Libelu (Liberdade e Luta) na década de 70. Hoje, aos 40, é sócio e administrador da Duko Indústrias Têxteis, sediada em Gurulhos, que tem 240 empregados e faturamento anual de US$ 20 milhões.
Comitê
Kontic integra o "Comitê Empresarial Lula presidente". Não é filiado ao PT, mas diz que sempre simpatizou com as idéias do partido.
"Lula é a melhor opção para o empresário que produz para o mercado interno e que, como eu, tem orgulho de sua empresa e dos empregados. As empresas ganharão com um governo de esquerda, porque a redistribuição de renda vai ampliar o mercado e permitir que elas cresçam", afirma.
Jorge Luiz Abrahão, 36, sócio da Basic Construtora (150 empregados e faturamento anual de US$ 1,5 milhão) também integra o comitê empresarial de apoio a Lula.
"Não apoio o PT com objetivos corporativistas ou de curto prazo", diz Abrahão. A exemplo de Kontic, ele também entrou em contato com as teses socialistas no movimento estudantil e se angustia com os problemas sociais do país.
Alternativa
"O PT é a alternativa para a grande mudança do Brasil e é isto que me atrai", diz ele. Abrahão é filiado ao Partido dos Trabalhadores, mas diz que que procura se manter "o mais neutro possível" dentro de sua empresa, para não haver conflitos com os dois sócios.
Outro empresário engajado na campanha de Lula é Lawrence Pih, 51, proprietário do Moinho Pacífico. Sua empresa tem 246 funcionários e fatura US$ 40 milhões por ano.
Nascido na China, Pih é engenheiro eletrônico com pós-graduação em filosofia. Para ele, o PT vai implantar um modelo de administração melhor para o país. "O partido é acusado de estatizante e corporativista, mas há países de economia forte, como Japão e Coréia, com grande presença estatal na economia', afirma.
O presidente do Moinho Pacífico já é conhecido por suas posições de esquerda e apoiou Lula na eleição de 1989. "Lula é incorruptível. Se houver alguma acusação contra ele, será falsa", diz ele.
Pih diz que é visto com "certa compreensão" pelos demais empresários. "Eles me tratam bem porque não sabem se eu vou estar no poder amanhã".
Grande parte dos empresários que se engajaram na campanha de Lula foi levada por Oded Grajew, 50, ex-proprietário da fábrica de brinquedos Grow.
Muito conhecido no meio empresarial de São Paulo –foi presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos e é um dos coordenadoers do Pensamento Nacional de Bases Empresariais (PNEB)–, Oded é um dos coordenadores da campanha de Lula e o responsável pelas relações com o setor empresarial.

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