São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 1994
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Para editor, quadrinhos saíram de moda

ROGÉRIO DE CAMPOS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Uma das grandes atrações da Bienal do Livro de São Paulo, os quadrinhos, está em baixa nesta 13ª edição da feira. A L&PM, por exemplo, editora forte em quadrinhos, não tem nenhum lançamento este ano.
Na Bienal de 1988, a L&PM lançou 12 novos álbuns. "Somos pioneiros na área de quadrinhos", diz Ivan Pinheiro Machado, 43, editor da L&PM. "Mas quando acontece uma crise como esta que vivemos nos últimos anos, a primeira vítima é o entretenimento". O editor Alexandre Martins Fontes, 34, discorda: "Se o problema fosse o entretenimento, não haveria mais livros, nem CDs, nem esta Bienal. Quadrinhos foi uma moda que passou".
"Quando começamos a publicar autores como Crepax e Manara, eles causavam surpresa", diz Martins Fontes, "mas isto acabou".
"Bobagem, o Alexandre está completamente enganado", afirma o livreiro Carlos Mann, 29, dono da Comix, especializada em quadrinhos e RPG. "Eu vendi 500 álbuns de quadrinhos da Martins Fontes em uma promoção que fiz em janeiro, o pior mês do ano, e não vendo mais porque não tem."
Segundo Carlos Mann, que participa da Bienal desde 1988, o mercado de quadrinhos vive um momento de recuperação. "Meu público não parou de crescer, o problema desses editores e livreiros é que eles não trabalham seus produtos, colocam lá na prateleira e não fazem propaganda."
Mann espera vender 10 mil álbuns e revistas na Bienal, fazendo preços promocionais. Um álbum importado varia de R$ 2 a R$ 10 no estande da Comix.
Entre os raros lançamentos de quadrinhos nesta Bienal está mais um "Calvin e Haroldo": "O Ataque dos Transtornados Monstros de Neve Mutantes Assassinos 2", da Best News. "Mas isto não significa muito para os quadrinhos. Porque Calvin é best seller independente das flutuações do mercado", diz Nelo Visentini, 42, da editora Best News.
A Ensaio ocupa parte do espaço deixado pela L&PM e pela Martins Fontes e lança dois álbuns: "Piratas do Tietê", de Laerte, e "Los Três Amigos 2 – Mas Sexo, Mas Drogas e Mas Guacamole", de Laerte, Angeli e Glauco.
"A moda dos quadrinhos foi substituída pela do RPG", diz Alexandre Martins Fontes. Seis estandes têm jogo de RPG (sigla de role playing game). Mas Mauro Martinez dos Prazeres, 37, dono da Devir, a livraria e editora que lançou os RPGs no Brasil, discorda: "O RPG não substituiu o quadrinho. Ele está ocupando o espaço de outros jogos."

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