São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 1994 |
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EUA tentam 'exportar' cubanos
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Essa é a solução de médio prazo que a administração do presidente Bill Clinton concebeu para o êxodo de cubanos iniciado este mês. Depois de ter alertado o presidente de Cuba, Fidel Castro, de que não aceitaria uma leva de cubanos como os 125 mil que chegaram à Flórida em 1980, a Casa Branca anunciou que passaria a prender no mar os que tentassem ir aos Estados Unidos. Desde a última sexta-feira, quando o presidente Clinton fez o anúncio, 5.883 cubanos foram interceptados no mar. Em agosto, o número foi de 8.366. Só anteontem, 2.548 cubanos foram detidos pela Guarda Costeira norte-americana. Todos eles estão sendo levados de volta a Cuba, para a base naval de Guantánamo, que pertence aos EUA. Já há 3.000 pessoas lá. Mas Guantánamo não dispõe de infra-estrutura para abrigar esses refugiados por tempo indefinido. Daí, a tentativa de levá-los para outros países. O Departamento de Estado norte-americano entrou em contato com Suriname, Panamá e Ilhas Turks e Caicos (colônia do Reino Unido) e diz ter encontrado boa receptividade para a idéia. No primeiro semestre, os Estados Unidos fizeram o mesmo esforço para encontrar abrigo para os refugiados haitianos. Ninguém os aceitou, nem mesmo o Panamá, cujo governo foi instaurado pelos EUA em 1991. Há 30 anos que os norte-americanos têm aceitado qualquer refugiado cubano que chegue ao país como asilado político. Em 1980, em meio a séria confrontação ideológica com o governo de Ronald Reagan, Fidel Castro resolveu liberar a viagem para os EUA de todos os descontentes com seu governo. Além deles, despachou também pessoas condenadas a longas penas de prisão e doentes mentais. O êxodo de Mariel, como foi chamado, levou 125 mil pessoas para a Flórida em dois meses e provocou graves problemas sociais naquele Estado. A maioria população da Flórida não quer a repetição do incidente. Em novembro deste ano, há eleição para o governo do Estado. O atual governador, Lawton Chiles, aliado de Clinton, enfrenta o republicano Jebb Bush, filho do ex-presidente George Bush. A Flórida é um dos quatro maiores colégios eleitorais. Clinton perdeu para Bush lá em 1992. Para se reeleger em 1996, é vital vencer ali. Próximo Texto: Polícia britânica não informou jornal de supostos trotes de Diana Índice |
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