São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 1994
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BC tabela juro do over até final do mês

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central (BC) interveio quatro vezes no overnight ontem. O resultado foi um tabelamento das taxa-over até o final do mês em 5,24%.
A atuação do BC e um refluxo dos boatos sobre o IPC-r acabaram forçando os bancos a reajustarem suas posições no mercado futuro de juros. O volume de negócios foi recorde: US$ 8,38 bilhões.
Na prática, porém, como as projeções são de uma inflação mais baixa para setembro, a simples manutenção das taxas de juros no mesmo patamar nominal já sinalizam um ganho ligeiramente maior.
Apesar de todos os rodeios, o que o mercado está assistindo é o BC rever, na prática, o discurso de queda gradual e continuada das taxas de juros.
Os preços do dólar registraram nova queda nos negócios ontem. A maior parte do dia o dólar foi comprado a R$ 0,882 e vendido a R$ 0,884, com queda de 0,34% em relação ao dia anterior.
No final do dia, porém, uma operação de arbitragem entre o mercado futuro e à vista empurrou as cotações para cima. O dólar fechou no mesmo patamar do dia anterior.
As Bolsas de Valores continuaram o movimento de realização de lucros: queda de 1,81% em São Paulo e de 1,2% no Rio. A tendência de alta das ações só não se materializa caso o BC adote medidas para restringir a entrada de capital.
O que o governo vai fazer para conter o excesso de consumo e para impedir que o câmbio definhe ainda mais com o esperado ingresso de capital após a eventual vitória eleitoral de Fernando Henrique Cardoso... Esta é a agenda das discussões no mercado.
A novidade é que, com o alongamento dos prazos das aplicações, as medidas que forem adotadas acabarão tendo reflexos imediatos não só nos negócios do dia-a-dia, mas nos mercados futuros. O exemplo dos juros, ontem, é ilustrativo.
As soluções em discussão são tópicas –não alteram a estrutura das políticas monetária e cambial. Elas mostram, porém, que, ao contrário do que se imaginava, as âncoras –e as eleições– diminuíram o leque de políticas possíveis. O BC está amarrado pelas circunstâncias econômicas e políticas. Basta ver o que acontece no mercado de câmbio.

JUROS
Curto prazo
Os cinco maiores fundões registravam rentabilidade diária de 0,114% no último dia 19. A taxa média do over, segundo o mercado, foi de 5,24% ao mês. No mercado de Depósito Interbancário (CDIs), a taxa média do over foi de 5,24% ao mês.
CDB e caderneta
As cadernetas rendem 3,2772% no dia 25. As taxas dos CDBs prefixados para 30 dias variaram entre 56% e 57% ao ano. Títulos pós-fixados de 153 dias pagaram juros entre 16% e 18% ao ano mais TR.
Empréstimos
Empréstimos por um dia ("hot money") contratados ontem: as taxas variaram de 5,23% ao mês a 5,28% ao mês. Para 30 dias (capital de giro): as taxas variaram entre 56,60% e 65% ao ano.
No exterior
Prime rate: 7,75%. Libor: 5,25%.

AÇÕES
Bolsas
São Paulo: o índice fechou a 52.077 pontos com baixa de 1,81% e volume financeiro de R$ 406,199 milhões. Rio: baixa de 1,2% (I-Senn), fechando com 20.293 pontos e volume financeiro de R$ 55,106 milhões.
Bolsas no exterior
O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York fechou a 3.846,73 pontos. O índice Financial Times em Londres fechou a 2.507,60 pontos. Em Tóquio, o índice Nikkei fechou com 20.511,60 pontos.

DÓLAR E OURO
Dólar comercial (exportações e importações): R$ 0,885 (compra) e R$ 0,887 (venda). Segundo o Banco Central, o dólar comercial foi negociado, na média, por R$ 0,882 (compra) e por R$ 0,884 (venda). "Black": R$ 0,895 (compra) e R$ 0,905 (venda). "Black" cabo: R$ 0,910 (compra) e R$ 0,915 (venda). Dólar-turismo: R$ 0,88 (compra) e R$ 0,91 (venda), segundo o Banco do Brasil.
Ouro: alta de 0,72%, fechando a R$ 11,13 o grama na BM&F, movimentando 2,4 toneladas.
No exterior
Segundo a agência "UPI", em Londres a libra foi cotada ontem a US$ 1,5538. Em Frankfurt, o dólar foi cotado a 1,5425 marco alemão. Em Tóquio, o dólar foi cotado a 98,52. A onça-troy (31,104 gramas) de ouro na Bolsa de Nova York fechou a US$ 383,70.

FUTUROS
No mercado de DI (Depósito Interfinanceiro) da BM&F, a projeção de juros para agosto fechou a 4,17% ao mês, a 3,80% para setembro e a 3,81% para outubro.
No mercado futuro de dólar, a cotação foi de R$ 0,894 para 31 de agosto e a R$ 0,920 para 30 de setembro.
O índice Bovespa no mercado futuro para outubro fechou a 55.100 pontos.

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