São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 1994
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Fifa afasta Maradona por 15 meses

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Fifa praticamente encerrou a carreira de Diego Maradona, ao suspender ontem por 15 meses o jogador argentino.
Maradona, 33, apanhado no exame antidoping durante a Copa do Mundo, só poderá voltar a jogar futebol ou treinar uma equipe a partir de 30 de setembro de 95.
Foram encontrados efedrina e derivados, substâncias proibidas, na urina do jogador colhida após o jogo Argentina 2 x 1 Nigéria, em Boston, em 25 de junho.
A decisão de suspendê-lo foi tomada, após três horas de reunião, por oito dos nove membros do comitê da Fifa que o julgou ontem, em Zurique (Suíça).
O presidente da Associação de Futebol Argentino (AFA), Julio Grondona, não votou.
A Federação Internacional de Futebol Association advertiu que o futebol argentino e o jogador sofrerão um castigo "severo" se recorrerem à Justiça comum.
Maradona terá, ainda, que pagar uma multa de 20 mil francos suíços (cerca de R$ 14.600,00). O preparador físico do jogador, Daniele Cerrini, sofreu as mesmas punições de Maradona.
O jogador, que alega ter tomado o medicamento Ripped Fuel sem saber que continha efedrina, reagiu com amargura em Buenos Aires, capital argentina.
"Prejudicaram a mim e à seleção argentina. Os dirigentes da Fifa não têm família", disse.
O maior jogador do futebol argentino vê sua carreira praticamente encerrada. Terá 34 anos e 11 meses quando a pena expirar.
"Com quase 34 anos, para Maradona 15 meses são 15 anos", lamentou o representante do jogador no julgamento, Marcos Franchi.
Franchi descartou um possível complô contra o jogador, mas denunciou que a Fifa e a AFA já sabiam da decisão de antemão e acusou a AFA de "lavar as mãos".
Grondona, por sua vez, disse que volta para a Argentina "tranquilo, mas amargurado" e acrescentou que fez tudo que pôde para evitar que o jogador fosse punido.
Maradona pensava em voltar a jogar no Boca Juniors e até em participar do torneio de futebol dos Jogos Pan-Americanos, em Mar del Plata (Argentina), em março do ano que vem.
O presidente da Argentina, Carlos Menem, afirmou que a pena é exagerada, mas deve ser acatada.
Não é a primeira punição de Maradona por doping. Em março de 1991, após um jogo entre o Napoli e o Bari, não passou no exame. Tinha consumido cocaína.
Foi suspenso por 15 meses. Para piorar, foi detido na Argentina um mês depois, também por consumo de cocaína.

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Sobre o caso na pág. 4-4

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