São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 1994
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EUA ampliam campo em Cuba

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O governo dos EUA resolveu aumentar a capacidade de seus campos de detenção na base naval de Guantánamo (em Cuba) para abrigar refugiados cubanos.
O secretário da Defesa, William Perry, anunciou que até a semana que vem haverá lugar para 40 mil prisioneiros em Guantánamo.
Líderes da comunidade cubana nos EUA e parlamentares dos dois partidos atacaram ontem a decisão. Muitos acusaram o governo Clinton de estar construindo campos de concentração em Guantánamo.
A base naval está instalada numa área de 125 quilômetros quadrados no extremo sul do território cubano.
Os Estados Unidos alugam esse terreno desde 1934, quando um acordo com o governo de Cuba lhes deu tal direito pelo valor de US$ 4.085 anuais.
Desde que assumiu o poder em 1959, Fidel Castro só aceitou o pagamento do aluguel uma vez. Em 1964, ele cortou o fornecimento de serviços essenciais à base americana, que agora é auto-suficiente em água e energia.
A população permanente de Guantánamo é de 5.406 pessoas (1.929 militares, 1.726 dependentes e 1.661 funcionários civis). Há 14 mil refugiados haitianos detidos no local.
A base é cercada por 27 km de arame farpado e 50 mil minas estão enterradas em torno dela.
Mesmo com a expansão dos campos de Guantánamo, se o êxodo de cubanos se mantiver no ritmo atual (em média 1.400 refugiados por dia desde que o presidente Clinton anunciou que os EUA não os aceitariam mais), em 18 dias as 40 mil vagas estarão tomadas.
Por isso, os EUA pressionam 12 países da região do Caribe para que aceitem refugiados cubanos em seu território. Até ontem, nenhum havia concordado.
Para os seus críticos, Clinton está punindo pessoas que querem escapar do regime de Castro e que não terá condições de manter presas por tempo indefinido. Milhares de refugiados continuam deixando Cuba.
A secretária da Justiça dos EUA, Janet Reno, fez ontem apelo aos cubanos para que não tentem cruzar os 144 km de mar que separam seu país da Flórida.
Ela os advertiu de que não serão aceitos em nenhuma hipótese nos Estados Unidos.
O secretário Perry admitiu temer que Castro encoraje a fuga de milhares de pessoas para constranger os EUA, mas disse que não aceitará as condições impostas por Cuba para impedir o êxodo (o fim do embargo econômico ou negociações diretas entre os dois países).

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