São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 1994
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Arimatsu leva aos samurais

OSNY ARASHIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

No Japão do Período Edo (1603-1868), todos os caminhos levavam à Estrada Tokaido, pois era a única via de ligação entre Kyoto e Tóquio.
A estrada era de chão batido e cortava florestas e sopés de montanhas. Larga o suficiente para alguns cavalos e andarilhos.
Um trecho original da estrada está conservado às margens do lago Ashi –província de Kanagawa.
Nem todo viajante tinha cavalo para cobrir os mais de 500 quilômetros entre as duas cidades. Havia 53 pontos de parada ao longo da Tokaido.
O forasteiro pernoitava e na manhã seguinte prosseguia a viagem.
Arimatsu era uma dessas paradas obrigatórias. Fundado em 1608, esse vilarejo ainda existe porque o governo japonês vem conservando suas construções como relíquias de museu.
Através dos séculos, Arimatsu acabou englobada pelo crescimento da cosmopolita Nagoya, na província de Aichi. Hoje mais parece um de seus bairros de subúrbio.
Em 1784, um incêndio quase reduziu toda a vila a cinzas. Mais tarde, foi restaurada com madeira resistente ao fogo e assim se encontra atualmente.
Várias dessas casas antigas e sombrias permanecem sólidas. Na ilusão de uma volta ao passado, ainda hoje funciona uma daquelas estalagens rudimentares, de madeira cor marrom-chocolate e telhado pontiagudo.
Quem a frequenta não deixa de imaginar que há quase 400 anos algum samurai descansou no mesmo local, deixando sua espada de aço sobre a mesa para tomar um gole de saquê (a pinga do Japão).
Turistas estrangeiros e modelos fotográficos aproveitam o cenário histórico proporcionado pelo local.
Arimatsu ficou conhecida por produzir tecidos em "shibori" –técnica que consiste em torcer a renda e amarrá-la com barbante antes do seu tingimento, obtendo cores e desenhos variados.
A partir desse método, os vistosos quimonos ganharam novo estilo e a região prosperou com o comércio de tecidos.

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