São Paulo, terça-feira, 30 de agosto de 1994
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Hora de crescer

OSVALDO MOREIRA DOUAT
Ouvimos com frequência dos principais formuladores e analistas de cenários econômicos, políticos e sociais a alusão de que nos encontramos atualmente no meio do início de uma nova fase do paradigma tecnológico, em que ocorrem simultaneamente pelo menos quatro grandes revoluções: a teletromática, resultante da vertiginosa evolução das ferramentas disponibilizadas pelas telecomunicações, pela eletrônica e informática; a habilitação da natureza humana como elemento nuclear e decisivo para qualquer exercício de planejamento estratégico; a radical reforma nas técnicas de gestão empresarial; e a absoluta necessidade de considerar a nova ordem econômica mundial como fundamento para todo processo decisório, quer público, quer privado.
Admitindo que essas premissas estejam corretas, podemos inferir que a abertura e internacionalização da economia brasileira, o seu fortalecimento através de uma inserção afirmativa no Mercosul e o aprofundamento dos entendimentos bilaterais com parceiros comerciais de larga tradição colocam-nos em condições de ambicionar um melhor posicionamento no concerto das nações e de apostar na efetiva melhoria da qualidade de vida dos brasileiros.
Outro elemento a ser considerado, é a implementação do Plano Real que, embora ainda necessite de importantes ajustes, já representa uma mudança significativa no quadro da conturbada economia brasileira, rumando para um contexto de estabilidade no horizonte próximo, o que certamente estimulará ainda mais o interesse dos investidores internacionais.
É nesse clima de otimismo que acontece o Encontro Empresarial Brasil-Alemanha, de 29 a 31 de agosto, em Florianópolis (SC).
O evento se circunscreve no âmbito da 21ª Reunião da Comissão Mista Brasil-Alemanha de Cooperação Econômica, e é promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) e Conselho Integrado das Câmaras de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, com a participação de cerca de 120 empresários alemães e 250 brasileiros.
Os temas dos painéis de debates abrangem desde parcerias, cooperação, sistemas de ensino, intercâmbio tecnológico, meio ambiente, blocos econômicos, até turismo e serviços.
Trata-se, portanto, de mais uma valiosa oportunidade para o aperfeiçoamento do diálogo que vem se desenvolvendo entre os empresários brasileiros e alemães, com vistas ao incremento dos negócios bilaterais e à racionalização dos interesses econômicos que envolvem as duas nações.
A expectativa é ainda maior porque no último encontro, ocorrido em Leipzig (Alemanha) no mês de outubro de 1993, importantes avanços foram registrados nestes aspectos.
No Brasil operam hoje mais de 300 empresas alemãs, atuando em conjunto com outras 700 de origem teutônica. Seus investimentos no nosso país correspondem a 70% do total dirigido para toda a América Latina, atingindo no início dos anos 90, 9,5 bilhões de marcos alemães.
Além disso, a Alemanha é tradicional importadora de maquinários, gêneros alimentícios, frutos, carnes, vegetais, café e chá.
As perspectivas que se abrem a partir desse acontecimento, tanto do ponto de vista do aprofundamento de intercâmbios reciprocamente relevantes, como para uma aproximação mais consistente e madura entre os blocos econômicos da União Européia e Mercosul, colocam-nos um importante desafio, que será transformar este encontro em um fórum capaz de produzir consequências eficazes, rápidas, mensuráveis e uma agenda básica de procedimentos do interesse comum.
Para o segmento empresarial brasileiro, já chegou a hora de começar a crescer de novo, de retomar um ritmo de atividade produtiva e comercial capaz de recuperar parte da década perdida e de reconstruir nosso modelo econômico sob novas bases, com critérios éticos, com solidariedade social, com acesso à tecnologia de vanguarda, em condições de competitividade dignas e aceitáveis. E este encontro com nossos parceiros alemães é um marco decisivo nesta jornada.

OSVALDO MOREIRA DOUAT, 55, é presidente do Conselho Temático de Integração Internacional da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina.

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