São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 1994
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É difícil ignorar o IPC-r

FERNANDO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

A estratégia do PSDB de querer ocultar o IPC-r durante a campanha eleitoral será difícil de ser levada a cabo por FHC.
Há três motivos que dificultam o objetivo tucano:
1) Ainda que o governo não queira mencionar, o IPC-r é o índice oficial de inflação;
2) O IPC-r será usado, como determina a medida provisória do plano econômico, na negociação salarial de todas as categorias de trabalhadores;
3) O IPC-r é o índice cuja taxa de inflação foi a mais alta no país para este mês (registrando 5,46%) e já acumula 11,87% desde 1º de julho, quando foi lançado o real.
Se houver um segundo turno, a estratégia tucana pode se tornar ainda mais inexequível.
O IPC-r deve se acomodar um pouco em setembro. Mas, em outubro, segundo projeções do mercado financeiro, a inflação pode voltar a subir. Os índices ficariam em um patamar próximo a 3,5%.
O economista Roberto Campos brinca ao comentar o assunto:
"É sempre assim. Basta o governo adotar um índice como sendo a inflação oficial para que esse índice comece a dar distorção."
A polêmica existe porque há vários índices de inflação no país. Cada um calcula a alta de preços de uma forma diferente em períodos muitas vezes distintos.
Se a economia estivesse estabilizada, não haveria problema. Mesmo com metodologias diferentes os índices apresentariam resultados muito semelhantes.
Mas por causa da transição de uma moeda para outra, as distorções ocorrem. Para azar do governo, o índice oficial, o IPC-r, é o mais vagaroso na hora de mostrar queda na alta dos preços.
Ontem, o ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, disse em rede nacional de TV que os "profetas da desgraça" tentam usar o IPC-r para mostrar uma alta da inflação –que, segundo ele, não existe.
Na realidade, não se trata de mostrar alta ou baixa da inflação. O que o IPC-r mostra é que os salários de hoje tem 11,87% menos poder de compra do que tinham em 1º de julho. E só.
(FR)

LEIA MAIS
sobre o IPC-r na pág. 1-5.

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