São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Névoa seca envolve Brasília

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DAS REGIONAIS

Brasília convive há quase dois meses com uma constante névoa seca. A umidade relativa do ar chegou na semana passada ao índice de 19%, mas em alguns locais da cidade baixou a 16%.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) prevê a adoção de medidas de emergência quando a umidade cai para menos de 20%.
O temor dos técnicos é de que a umidade baixe a índices menores. No ano passado, em 4 de setembro, foram registrados apenas 12% –o chamado "clima de deserto".
Há 39 dias não chove em Brasília. O Corpo de Bombeiros tem apagado por dia, em média, a 45 focos de incêndio.
Um grande incêndio foi registrado: 40% do Parque Nacional de Brasília –um dos principais pontos de lazer da cidade– foram destruídos pelo fogo.
Nos hospitais, as nebulizações tiveram um aumento de 50%. A baixa umidade favorece a proliferação de microorganismos, causadores de doenças respiratórias.
Segundo Hilton Silveira Pinto, 50, diretor do Centro de Pesquisas Agrícolas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), é normal que ocorram estiagens nesta época do ano, assim como queda na umidade relativa do ar.
Em Campinas, por exemplo, a umidade do ar tem ficado entre 15% e 20%, índices críticos. Não chove há 37 dias na cidade.
Em cidades próximas, como Sumaré e Hortolândia (ambas a 130 km a noroeste de São Paulo), o racionamento de água foi adotado.
Técnicos da Unicamp afirmam que a região de Campinas deve superar neste ano a estiagem recorde de 92, que durou 44 dias.
A situação não é diferente em outras regiões do interior. São José do Rio Preto está sem chuvas há 111 dias. Segunda a Divisão Regional Agrícola, a seca durou tanto tempo apenas em 75, 86 e 88.
A estiagem também contribui para o aumento no número de queimadas. Em Catanduva (385 km a noroeste de São Paulo), por exemplo, o número de queimadas neste mês foi três vezes maior do que o total registrado em 93.
Sérgio Calbete, 56, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), disse que a estiagem ocorre porque as frentes frias não estão chegando ao sudeste do país.
Segundo ele, as frentes frias vindas do Pólo Sul têm pouca intensidade e acabam desviadas pelos ventos para o oceano.
Calbete afirmou que a situação deve permanecer inalterada por uma semana. Após esse período, os ventos devem mudar de direção e a chegada de uma nova frente fria poderá provocar chuvas.

Texto Anterior: Conserto de vídeo gera queixa
Próximo Texto: Recursos da saúde vão direto para prefeituras
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.