São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Juros recuam e Bolsas de Valores sobem

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os juros recuaram. As Bolsas fecharam em alta. O câmbio reagiu. Este foi o cenário de ontem no mercado financeiro. Foi um dia em que se consolidaram as tendências esboçadas na véspera.
Especialmente a idéia de que o Banco Central (BC) vai produzir uma queda da taxa efetiva de juros em setembro –mês de reposição de estoques. O resultado do leilão de BBCs confirmou a tese.
Ele vai usar o calendário. Isto é, como setembro tem mais dias úteis do que agosto, para fazer cair o juro efetivo basta manter a taxa-over igual (no patamar de 5,24%). É o que se prevê.
Consequência: queda das taxas previstas no mercado futuro e também dos juros pagos pelos CDBs. Um CDB negociado ontem deveria ter pago um juro de 57,35% para manter a rentabilidade da véspera. Mas foi negociado, na média, por 56,10%.
Nas Bolsas, foi um dia de boatos sobre pesquisas eleitorais. Segundo os boatos, FHC ganharia no primeiro turno. Quem deseja ampliar a sua carteira está usando a conhecida tática de "bater" nos preços e, depois, sair comprando. A Bolsa paulista fechou em alta de 1,06% e, no Rio, de 1,2%.
No câmbio, que trabalhou o dia em baixa, as cotações reagiram no final tanto no mercado à vista como no futuro. É que se espera para hoje que o CMN aprove medidas que ampliam a demanda por dólar (permitindo o pré-pagamento das importações, por exemplo).
O objetivo do governo, segundo os analistas, não é exatamente forçar a alta das cotações, mas impedir novas quedas.
É que se espera um aumento do ingresso de recursos estrangeiros no Brasil se se confirmarem os boatos de ontem da Bolsa.
É o fluxo, oferta versus procura, que está determinando as cotações dó dólar comercial (exportações e importações). A oferta tem superado a demanda. Desde junho, os bancos compraram US$ 700 milhões –e as cotações caíram.
Têm analistas, brincando, que dizem que é a lei da gravidade que governa o câmbio. A sério, o mercado começa a imaginar desde já, no pós-eleição, o que vai mudar.

JUROS
Curto prazo
Os cinco maiores fundões registravam rentabilidade diária de 0,128% no último dia 26. A taxa média do over, segundo a Andima, foi de 5,24% ao mês. No mercado de Depósito Interbancário (CDIs), a taxa média do over foi de 5,23% ao mês.
CDB e caderneta
As cadernetas rendem 2,6418% no dia 1º de setembro. Os CDBs prefixados para 30 dias pagaram entre 55,6% e 56,8% ao ano. Títulos pós-fixados de 153 dias pagaram juros entre 15,6% e 15,8% ao ano mais TR.
Empréstimos

Empréstimos por um dia ("hot money") contratados ontem: as taxas variaram de 5,25% ao mês a 5,35% ao mês. Para 30 dias (capital de giro): as taxas variaram entre 56,1% e 65,5% ao ano.
No exterior

Prime rate: 7,75%. Libor: 5,25%.
AÇÕES
Bolsas
São Paulo: o índice fechou a 53.796 pontos com alta de 1,06% e volume financeiro de R$ 406,506 milhões. Rio: alta de 1,2% (I-Senn), fechando com 20.884 pontos e volume financeiro de R$ 44,007 milhões.
Bolsas no exterior
O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York fechou a 3.917,30 pontos. Em Tóquio, o índice Nikkei fechou com 20.592,12 pontos. Em Londres, o índice Financial Times fechou a 2.539,90 pontos.
DÓLAR E OURO

Dólar comercial (exportações e importações): R$ 0,888 (compra) e R$ 0,890 (venda). Segundo o Banco Central, o dólar comercial foi negociado, na média, por R$ 0,885 (compra) e por R$ 0,887 (venda). "Black": R$ 0,900 (compra) e R$ 0,910 (venda). "Black" cabo: R$ 0,903 (compra) e R$ 0,912 (venda). Dólar-turismo: R$ 0,88 (compra) e R$ 0,91 (venda), segundo o Banco do Brasil.
Ouro: alta de 0,09%, fechando a R$ 11,23 o grama na BM&F, movimentando 1,23 toneladas.
No exterior
Segundo a agência "UPI", em Frankfurt, a cotação do dólar não estava disponível. Em Tóquio, o dólar foi cotado a 99,72 ienes. Em Londres, a libra foi cotado a US$ 1,5355. A onça-troy (31,104 gramas) de ouro na Bolsa de Nova York fechou a US$ 386,10.
FUTUROS
No mercado de DI (Depósito Interfinanceiro) da BM&F, a projeção de juros para agosto fechou a 4,17% ao mês, a 3,80% para setembro e a 3,85% para outubro.
No mercado futuro de dólar, a cotação foi de R$ 0,898 para 31 de agosto e a R$ 0,919 para 30 de setembro.
O índice Bovespa no mercado futuro para outubro fechou a 56.900 pontos.

Texto Anterior: Brasmotor prevê vendas de US$ 1,2 bi
Próximo Texto: GREVE; SALÁRIO; SISTEMA FINANCEIRO; REMÉDIOS; COMÉRCIO; PEPSI
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.