São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 1994
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Software para exportação

LUÍS NASSIF

Sem alarde, desde 1991 existe um órgão oficial trabalhando na coordenação e disseminação do software brasileiro no exterior –o setor de ponta onde o país parece dispor de maior potencialidade.
Trata-se da Softex, instituição criada em 1991, por um acordo entre o Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) e o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Telebrás (CPqD), com o objetivo de fazer com que, no ano 2000, o país responda por 1% do mercado mundial de software –avaliado em US$ 200 bilhões no total.
Com recursos iniciais de US$ 28 milhões, fornecidos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o programa passou a atuar em duas frente.
A primeira consiste em prover de infra-estrutura as empresas de software. Foram selecionadas 14 cidades com potencial de desenvolvimento de software, levando-se em conta o número de engenheiros e a ação governamental local privilegiando o software.
Cada uma dessas cidades recebe US$ 500 mil de ajuda por ano, aplicados no desenvolvimentos dos produtores locais, US$ 200 mil dos quais em bolsas de estudos, em convênio com o CNPq.
Para cada dólar aportado pelo programa, o esquema local deve entrar com outro dólar.
Esse dinheiro é administrado por Núcleos de Desenvolvimento de Software para Exportação, constituídos de forma tripartite pela universidade, governo e empresários locais –e obrigatoriamente dirigido por um empresário. Duas vezes por ano, há uma avaliação dos avanços obtidos pelo programa. No momento, 200 empresas estão integradas ao programa.
Pé no exterior
A segunda frente de luta foi fincar, ainda que modestamente, um pé no mercado internacional. O programa conta com uma escritório em Pembroke, na cidade de Pines (Flórida), com espaço para dez empresas se instalarem e receberem a retaguarda administrativa de quatro funcionários contratados.
As informações levantadas por esse escritório são disseminadas pelos 14 núcleos através da Rede Nacional de Pesquisa, ligada ao mundo pelo sistema Internet.
Recentemente o programa montou um projeto de 52 bolsas. Cada núcleo teve o direito de enviar quatro funcionários para trabalhar na área de marketing de empresas norte-americanas, dentro da operação "mão na massa". No ano passado, o programa levou 14 fornecedores brasileiros a exporem na Comdex, maior feira de software do mundo. Este ano, irão 20.
Fim do monopólio
Rompeu-se definitivamente o monopólio de tecnologia do eixo São Paulo-Rio-Belo Horizonte-Campinas. Campina Grande, na Paraíba, é séria candidata ao título de maior centro de software do país. Campo Grande detém o maior número de patentes do país. Curitiba desenvolveu tecnologia de controle de trânsito nas grandes cidades, que tem obtido grande aceitação. E Santa Catarina conta com empresas de peso na área.

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