São Paulo, sexta-feira, 2 de setembro de 1994
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Crediário chega a 67% das vendas

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão do governo de reduzir o crédito decorre do forte aumento das vendas a prazo verificado após o real. Se até junho as vendas no crediário representavam 40% do total de negócios, agora chegam a 67%.
Esses dados referem-se ao comércio de São Paulo, Rio e Belo Horizonte. Foram revelados ontem pelo assessor especial para preços do Ministério da Fazenda, José Milton Dallari.
Segundo Dallari, as restrições ao crédito são "um pouco de água fria na fervura". A "fervura" é o aquecimento generalizado do consumo.
Nas mesmas três capitais, as vendas nos magazines ou lojas de departamentos subiram 158% na comparação de agosto com junho.
Os seis itens mais vendidos foram, pela ordem: pequenos eletrodomésticos (como batedeiras e liquidificadores); geladeiras; aparelhos de som "pesados"; aparelhos de som "leves"; fogões; e máquinas de lavar roupa.
Em grandes supermercados, as vendas de alimentos subiram 31% nos primeiros dois meses do real.
Os dados coletados por Dallari indicam que as vendas caíram entre março (mês de introdução da URV) e junho últimos. Nesse período, a inflação escalou de 40% para 50% mensais. No caso de alimentos, a queda foi de 16%. Nas lojas de departamentos, 14%.
Depois do real, com a estabilidade, as vendas se recuperarm e hoje estão acima dos níveis de março. Para alimentos, 13% acima. Para bens de consumo duráveis, 122% acima.
Esses números correm a favor da tese de que os programas de estabilização são expansionistas, nunca recessivos. Sem a perda diária da inflação, os salários têm um imediato ganho de poder de compra.
Os preços, disse Dallari, permanecem estáveis. E os fabricantes informaram que têm condições de atender a esse crescimento do consumo. Disseram a Dallari que as fábricas estão longe do limite de produção. Não há portanto razões para reajustes de preços, concluiu o assessor.

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