São Paulo, sexta-feira, 2 de setembro de 1994
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Rua vira lixeira de hospital em São Paulo

ANDRÉ MUGGIATI
DA REPORTAGEM LOCAL

A reportagem da Folha encontrou, ontem, sacos de lixo com material hospitalar deixados no meio da rua Loefgreen, nas proximidades do Hospital São Paulo e da Escola Paulista de Medicina, na Vila Clementino (zona sul de São Paulo).
Também havia seringas com agulha, luvas cirúrgicas usadas e vidros de remédio vazios espalhados pela calçada.
"Isto aqui é um complexo hospitalar muito maior do que o hospital. Há também a Escola Paulista de Medicina e laboratórios."
Segundo ele, todo o lixo produzido pelo Hospital São Paulo é processado dentro do hospital.
O diretor não soube dizer a quem pertencem as lixeiras que se encontram na rua Loefgreen.
O diretor da Escola Paulista de Medicina não foi encontrado na faculdade.
As lixeiras estavam abertas e o lixo transbordava para a rua.
No local estava Francisco Eliseu de Lima, 45, pintor desempregado. Ele dorme, há seis meses, nas lixeiras da rua Loefgreen.
"À noite os lixeiros recolhem tudo, fica vazio, eu entro e durmo."
Para ele, este foi o melhor lugar que encontrou para dormir, desde que foi morar na rua, há seis meses. Lima disse não ter medo de doenças ou infecções.
Manuel Serafin da Silva, motorista da empresa de transporte de lixo União, recolhe o material e o transporta para o local. Ele não soube dizer a quem pertence o lixo que transporta.
"Mas não tem nada contaminado. O lixo contaminado fica todo lá dentro do hospital."
"Sou só eu e mais um rapaz, então não dá para organizar tudo direito", disse.
Silva acredita não correr riscos, mesmo havendo seringas com agulha, no meio do material que transporta. "Se fosse perigoso eu não levava".
A Folha telefonou para a União, na tarde de ontem, mas ninguém atendeu.
Segundo a Secretaria de Serviços e Obras do Município de São Paulo, lixo contagioso deve ser armazenado em sacos brancos, de cor leitosa.
Deve ser trancado e em hipótese alguma pode ficar no meio da rua. Depois, o lixo deve ser recolhido por caminhões especiais e obrigatoriamente queimado.
No caso das irregularidades constatadas, o estabelecimento pode ser multado.

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