São Paulo, sábado, 3 de setembro de 1994
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Americano admite que assessora FHC

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

James Carville, assessor político do presidente Bill Clinton, admitiu ontem a um jornalista norte-americano que está tendo participação na campanha do tucano Fernando Henrique Cardoso, mas que ela "não é grande".
Carville (pronuncia-se "cárvil") não respondeu aos diversos recados que a Folha deixou em seu escritório durante a semana para conversar sobre o assunto.
Na Casa Branca, Carville também não foi visto desde que se tornou pública sua participação na campanha de FHC.
Todos os clientes de Carville, segundo sua declaração, eram políticos do Partido Democrata, ao qual pertence Clinton.
Se ficar provado que Carville recebia da campanha de FHC ou de qualquer cliente brasileiro antes de julho, sua declaração se provará falsa, e isso poderá ser usado pela oposição.
Carville foi o principal assessor político de Clinton na campanha presidencial de 1992.
Ele se mantém como uma das pessoas mais próximas do presidente. Mas, segundo o jornalista Bob Woodward, em seu livro sobre o atual governo, Carville vem perdendo espaço político.
Negativas
O presidente do PSDB, Pimenta da Veiga, admitiu, na quarta–feira, que Carville presta uma assessoria informal a FHC.
Após uma reunião com o comando de campanha, ele passou a negar a informação. O candidato também nega.
Se houver um contrato entre a campanha de FHC e Carville –e desde que o pagamento ao especialista seja efetuado com recursos partidários originados de doações trocadas por bônus–, não há qualquer restrição legal.
Ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no entanto, avaliam que, se a assessoria for informal, ela é ilegal.
O artigo 91 da Lei Orgânica dos Partidos proíbe os partidos de receber "contribuição ou auxílio pecuniário ou estimável em dinheiro, inclusive através de publicidade de qualquer espécie (....) de pessoa ou entidade estrangeira".
O artigo 45 da Lei Eleitoral faz a mesma restrição e pune o candidato que infringi-la com a cassação do mandato. Argumentam os ministros que uma assessoria informal é um bem "estimável em dinheiro".
Colaborou Sucursal de Brasília

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