São Paulo, sábado, 3 de setembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dois meninos são chacinados em SP

Garotos receberam tiros na cabeça

DA REPORTAGEM LOCAL

Dois meninos foram executados a tiros anteontem à noite em um eucaliptal na avenida do Acesso, em Parelheiros (zona sul de São Paulo).
Segundo o delegado Paulo Altali, 58, do 25º DP, cada garoto levou pelo menos três tiros na cabeça, "na parte posterior do crânio".
Os garotos foram encontrados de bruços. Um deles, branco, aparentava ter entre 11 e 12 anos. O outro, mulato, de 13 a 14 anos.
Os garotos não haviam sido identificados até as 18h de ontem. A polícia tirou as impressões digitais dos meninos para verificar se algum deles teve passagens pela Febem.
O eucaliptal fica a 500 metros das casas na região. Moradores afirmaram ter ouvido os tiros por volta de 2h.
Ninguém reconheceu os meninos e a polícia acredita que eles tenham sido levados ao local para a execução.
Os corpos foram levados para o IML (Instituto Médico Legal) Sul, onde aguardam identificação.
O delegado Benjamim Napolitano, da Divisão de Homicídios, diz não acreditar que a morte dos dois garotos tenha sido provocada por um grupo de extermínio.
"Não há indícios de outras ações semelhantes na região, o que caracterizaria a atividade de um grupo de extermínio", afirmou.
Uma possibilidade, segundo ele, seria vingança promovida por uma pessoa. "Não dá para tirar conclusões antes de falar com a família dos garotos", disse.
Benjamim também disse que não é possível dizer se os garotos eram meninos de rua. "Eles estavam vestidos como crianças pobres, que poderiam estar na rua apenas brincando."
Um dos meninos vestia uma calça de terno, que estava esgarçada. Segundo a polícia, isso pode indicar um sinal de que houve luta.
A delegada Elisabete Sato, que investiga crimes contra adolescentes, estuda este tipo de crime há um ano.
Foram cerca de 150 casos nesse período e, segundo ela, em 70% as vítimas têm envolvimento com crack.

Texto Anterior: Ação em morro recupera armas
Próximo Texto: Infectologista participa de mesa-redonda em SP; O NÚMERO; Pai diz que morte do filho foi acidental; Vigilância divulga análise de alimentos na segunda; Agência mostra novos projetos para modelos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.