São Paulo, sábado, 3 de setembro de 1994 |
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Mubarak rejeita boicote a Conferência
HÉLIO SCHWARTSMAN
Mubarak acha que eles deveriam participar da reunião que começa na segunda-feira e "se opor às cláusulas do documento final que contrastem com a 'charia' (lei islâmica) e demonstrar que os muçulmanos não são terroristas". Países islâmicos como Arábia Saudita, Sudão e Líbano decidiram não participar da reunião. Grupos muçulmanos radicais ameaçaram fazer ataques contra a conferência. Os muçulmanos, assim como a Igreja Católica, atacam o que consideram a defesa do aborto, do sexo fora do casamento e do homossexualismo que o documento preparatório estaria fazendo. O documento levou mais de três anos para ser elaborado. São mais de cem páginas que enfatizam a necessidade de que as nações, sobretudo as mais pobres, reduzam seus ritmos de crescimento populacional. De hoje até 2015, prevê-se um crescimento anual da ordem de 30 milhões de pessoas. Os meios sugeridos pelo documento para conter essa bomba demográfica são principalmente a melhoria na educação (mesmo em países bastante pobres, as mulheres com maior nível de instrução têm menos filhos) e a ação mais decidida do governo e de ONGs de programas não-coercitivos de controle da natalidade, fornecendo informação e acesso a meios de contracepção. O texto base da conferência faz ainda algumas considerações sobre a Aids e o aborto como problemas de saúde pública que têm de ser enfrentados com urgência. Revela também preocupações com as desigualdades sociais entre os países, a saúde sexual dos adolescentes e a discriminação dos povos indígenas. Paralelamente ao encontro oficial, ocorrerá o fórum das organizações não governamentais (ONGs), que deverá reunir entre 5.000 a 10.000 entidades e ocorrerá a poucos metros do local da conferência oficial. A idéia inicial era que todas as mulheres que ocupam chefias de governo comparecessem à conferência. Algumas delas não virão. A lista oficial não foi divulgada. Estarão presentes o vice-presidente dos EUA, Al Gore, e o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Michel Camdessus. O jornalista HÉLIO SCHWARTSMAN viaja sobre o patrocínio do Fundo da População das Nações Unidas. Com agências internacionais. Texto Anterior: Bill e Hillary cataram lixo ao se conhecer Próximo Texto: Sob encomenda; Megafilas ;Piada latina; Sem linhas Índice |
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