São Paulo, segunda-feira, 5 de setembro de 1994
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Itamar escolhe Ciro Gomes para Fazenda; PSDB domina economia

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador do Ceará, Ciro Gomes (PSDB), é o novo ministro da Fazenda. Filiado ao PSDB, ele disse que vai se licenciar do partido antes de assumir o cargo.
Hoje, às 9h, Ciro se reúne com o presidente Itamar Franco e com o ex-ministro Rubens Ricupero.
O comando integral da economia passa às mãos do PSDB do Ceará. O Planejamento é chefiado pelo senador Beni Veras, também do PSDB do Ceará.
O nome de Ciro Gomes foi uma escolha pessoal de Itamar. O presidente ligou para Ciro às 20h de sábado. O governador imaginava que seria consultado sobre a substituição de Ricupero.
Ciro preparava-se para sugerir a indicação de Pedro Malan, presidente do Banco Central, ou de Edmar Bacha, assessor especial da pasta da Fazenda. Eram os nomes preferidos por Fernando Henrique Cardoso, candidato do PSDB à Presidência.
"Quero contar com a sua ajuda nesse momento grave", disse o presidente. "Preciso de 24 horas para pensar", respondeu Ciro. Itamar deu-lhe tempo, mas pediu que a resposta viesse rapidamente.
As consultas de Ciro não ultrapassaram os limites da fronteira do Ceará. Aconselhou-se com Tasso Jereissati, Beni Veras e com o deputado Sérgio Machado, outro tucano cearense.
Perguntou ao presidente se poderia manter a atual equipe econômica, que inclui Malan, Bacha, Pérsio Arida (presidente do Banco Central), Clóvis Carvalho (secretário-executivo da Fazenda) e Gustavo Franco (diretor de assuntos internacionais do Banco Central).
Itamar respondeu positivamente. Ciro disse, então, que aceitava o convite. Apenas condicionou a data da posse à resolução de um problema ligado ao Ceará.
No instante em que renunciar ao resto de mandato que detém, Ciro provocará a convocação de eleições indiretas para a escolha do seu substituto.
Candidatos nas próximas eleições, seu vice e o presidente da Assembéia Legislativa do Ceará não podem assumir o posto. Assumirá o presidente do Tribunal de Justiça, com a obrigação de convocar eleições para dali a 30 dias. A escolha indireta será feita pela Assembléia Legislativa.
O ex-governador pefelista da Bahia Antônio Carlos Magalhães foi a primeira pessoa a quem Ciro telefonou para comunicar que havia aceitado o convite.
Itamar sempre gostou do estilo de Ciro Gomes, de temperamento explosivo e com índices elevados de popularidade no Ceará.
Até o início da manhã de ontem, todos apostavam na ida de Pedro Malan, presidente do Banco Central, ou do assessor especial da Fazenda, Edmar Bacha. Em último caso, falava-se na indicação de Bacha como ministro interino.
Mas, segundo o Palácio do Planalto, Itamar buscou um nome de credibilidade e que não fosse economista– Ciro é advogado.
Por isto mesmo, Malan e Bacha, indicados pelo candidato da aliança PSDB-PFL-PTB, Fernando Henrique Cardoso, encontraram resistência no Planalto.

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