São Paulo, segunda-feira, 5 de setembro de 1994
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Tim Burton inova no mundo Halloween

FERNANDA GODOY
DA REDAÇÃO

Quando o novo filme de Tim Burton (o diretor de "Edwuard Mãos de Tesoura") foi lançado nos Estados Unidos, em outubro do ano passado, a porção mais ácida da crítica nova-iorquina disse que o diretor chegara ao auge do egocentrismo: incluir seu próprio nome no título: "Tim Burton's a Nightmare Before Christmas". Em português, ficou "O Estranho Mundo de Jack, de Tim Burton".
Burton não se importou. Lançado, estrategicamente, em data próxima ao Dia das Bruxas (31 de outubro), o filme protagonizado por Jack Skellington, o rei-abóbora, foi um dos maiores sucessos de público da temporada pré-Natal no circuito dos Estados Unidos.
Jack reina em Halloween Town. O cenário lúgubre, habitado por ratazanas e baratas, é desolador mesmo em véspera de Halloween. Eis que os moradores do triste condado descobrem um róseo –ou, melhor dizendo, um alvar– vizinho: Christmas Town, a cidade onde as crianças brincam na neve, ganham presentes e são felizes. Tomados de inveja, os invasores decidem sequestrar Papai Noel e transplantar o Natal para seus domínios.
Descrita assim, a trama parece, digamos, anêmica. E é. Exceções feitas às pitadas de humor negro e às maldades contra o bom velhinho, o roteiro de "O Estranho Mundo de Jack" empolga tanto quanto um discurso do ministro Ricupero na hora do almoço.
Mas a atração de "O Estranho Mundo de Jack" sobre o espectador é exercida através dos detalhes. Procure deslocar seus olhos para os estranhos seres que povoam os cantos das telas e captar a multiplicidade de piadas contidas nas roupas dos personagens –como uma gravata-borboleta, digo, gravata-aranha.
Filmada na técnica de animação tridimensional conhecida como "stop motion", a obra é uma provocação incessante aos sentidos. A ilusão de movimento é criada pelo deslocamento dos bonecos em "sets" em miniatura.
Minuciosa, a produção empregou 500 especialistas em animação e confeccionou nada menos que 700 cabeças para exprimir os diferentes estados de espírito de Jack. Custo total da brincadeira: US$ 22 milhões.
O filme, concebido há mais de 12 anos nos estúdios Disney (onde Burton trabalhava), foi recapturado pelo autor e, sem dúvida, tem sua marca definitiva.
No cardápio da mostra, é uma pedida irrecusável para quem se interessa por animação.

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