São Paulo, segunda-feira, 5 de setembro de 1994 |
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Advogada 'envelhece' com barulho de boate Ela quer processar casa noturna DA REPORTAGEM LOCAL A advogada Ana Lucia Battagini Alves da Nóbrega tem 26 anos, mas reconhece que aparenta ter mais de 30.Ela atribui esse envelhecimento precoce à poluição sonora. Ana Lucia é vizinha da casa noturna Over Night, na Mooca (zona leste), contra a qual pretende mover uma ação judicial por danos morais e materiais. "Estou com o sistema nervoso extremamente abalado. Tomei comprimido de tarja preta e foi a mesma coisa que água." Como a maioria dos vizinhos da boate, Ana Lucia também colocou a casa à venda. O imóvel, segundo ela, valeria US$ 250 mil. "Hoje não consigo vender nem por US$ 10 mil". O problema de Ana Lucia não é causado diretamente pela Over Night, mas por seus frequentadores. A casa noturna possui vedação acústica que impede a propagação do som. Ana Lucia disse que, além de falarem alto, os frequentadores da Over Night apertam a campainha de sua casa, urinam no portão e estacionam carros na frente da garagem. "É um inferno", disse. O arquiteto Rogerio Batagliesi, 42, se diz perseguido pela poluição sonora desde a infância, quando morava próximo do aeroporto de Congonhas (zona sul). Depois mudou-se para Higienópolis (região central), ao lado de uma loja cujo alarme tocava a noite inteira. Hoje mora próximo à marginal Pinheiros. "O zumbido da marginal não me incomoda. Não ouço mais sons baixos", afirmou. "Pessoas expostas ao barulho perdem a capacidade auditiva antes dos 50 anos. Elas já não conseguem ouvir o tic-tac do relógio", disse Ricardo Ferreira Bento, professor da USP. Texto Anterior: Equipes vão ter escolta da Guarda Civil Próximo Texto: Ladrões levam R$ 5 mi em passes do Metrô Índice |
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