São Paulo, segunda-feira, 5 de setembro de 1994
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Morphine chega sem guitarra ao país

CELSO FIORAVANTE

Morphine chega ao país sem guitarra

O vocalista Mark Sandman fala do trabalho "Cure for Pain" e diz que quer voltar ao Brasil, onde morou

Mark Sandman (baixo e vocal), Dana Colley (sax alto e tenor) e Billy Conway (bateria) formam o Morphine, trio natural de Boston que chega agora ao Brasil com seu segundo disco: "Cure for Pain".
A principal característica desta banda de rock é a ausência de guitarras, o que torna sua sonoridade mais densa e grave, algo que os aproxima do blues. Mas eles são uma banda de rock e por isso criaram para si o rótulo "low-rock".
Em entrevista à Folha, por telefone, de Boston, Mark Sandman falou –em português– sobre as características da banda e sobre seu desejo de voltar ao Brasil, onde morou durante um ano, no Rio.

Folha - Por que a ausência de guitarras? Elas não são mais importantes no rock?
Mark Sandman - Não temos a guitarra porque gostamos do número três. É um número mágico, muito balanceado.
Folha - Mas vocês não têm receio de um dia precisar de um quarto instrumentista e aí mandar esta teoria por água abaixo?
Sandman - Não acredito. Já estamos tocando com um segundo baixista, mas a essência é sempre o trio.
Folha - O produtor de "Cure for Pain", Paul Q Kolderie, trabalhou anteriormente com bandas guitarreiras, como Pixies e Radiohead. Não foi difícil para ele superar a falta deste instrumento? A relação entre vocês foi tranquila?
Sandman - Somos amigos há muito tempo e acredito até que ele estava procurando algum tipo de mudança. Acho que ele gosta de trabalhar com bandas bem diferentes para esclarecer suas idéias.
Folha - A imprensa vende vocês como "low-rock". Ele reflete as características de seu som?
Sandman - Nós mesmos criamos este rótulo. A imprensa sempre quer criar rótulos e categorias, por isso achamos mais fácil criar o nosso próprio gênero e facilitar as coisas, embora tenhamos elementos de rock, jazz, funk... Mas nos consideramos uma "rock band". Começamos nossas carreiras em bandas de rock e tocando em clubes de rock.
Folha - O público de vocês é um público de rock?
Sandman - Isso depende um pouco do clube em que tocamos. Geralmente é um público de rock, mas com menos "mosh". É um público mais "cabeça" e a dança é mais sensual que o "mosh".
Folha - O nome Morphine tem relação com a droga que alivia a dor?
Sandman - Não. Tem muito mais relação com a palavra Morfeu, o deus dos sonhos, que é filho de Hipnos, deus do sono.
Folha - Por que várias de suas canções têm temáticas tristes, como "In Spite of Me" e "Cure for Pain"?
Sandman - Gosto muito de literatura, cinema, viagem e dessa minha experiência diária tiro minha inspiração. Tocamos várias canções tristes, mas não são todas. "Buena", "Thursday" e "Sheila" não são tristes. Somos um grupo bem positivo.
Folha - Vocês têm interesse em trabalhar com outra banda?
Sandman - Gostaríamos de trabalhar com Prince.
Folha - E por que não trabalharam ainda?
Sandman - Ele é uma pessoa de difícil contato. Agora ele nem tem nome, está usando um símbolo como nome e vai ser mais difícil ainda falar com ele. Prince é muito ocupado, mas nós também somos.

Disco: Cure for Pain
Autor: Morphine
Lançamentos: Natasha Records
Preço: R$ 18,00 (em média, o CD)

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