São Paulo, quarta-feira, 7 de setembro de 1994 |
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Falta um saci ao time de Telê Santana
ALBERTO HELENA JR.
Além do mais, esta fase do torneio vale muito pouco, e o São Paulo tem um grupo de elite que, quando puder entrar em peso em campo, haverá de resgatar parte do prestígio desgastado com a perda do tri da Libertadores. Até aí, insisto: tudo bem. Nem mesmo a baixa temporária dos laterais –Vítor e André– chega a preocupar muito, pois todo mundo sabe das potencialidades de ambos; assim como todo mundo sabe que a ação dos laterais, no esquema de Telê, é fundamental para o êxito da equipe. O diabo é que há dois problemas insolúveis, com o atual elenco: a ausência de um atacante com o estigma de matador e de um neguinho daqueles que desequilibram a partir do meio-campo. Isto é: o time todo, com Alemão e Sierra em forma etc., ficará bem arrumadinho, poderoso até. A presença de Válber como líbero haverá de ser uma experiência interessante, depois que os zagueiros se afinarem com o esquema. Mas sempre faltará aquele meia inventivo, capaz de fazer o contraponto, contrariar mesmo até o próprio esquema para surpreender o inimigo. Um desses sacis que, de tempos em tempos, brotam de repente nos nossos campos, rompendo sistemas, desafiando normas, zombando da disciplina e desnorteando os adversários. Yo no creo em brujas, pero que saci los hay, los hay. Basta esticar os olhos para o campo de pelada mais próximo que você acha pelo menos um, de boné vermelho, cachimbo e um riso safado. O Palmeiras, por exemplo, trocou um saci por outro: mandou Edílson fazer suas molecagens em Portugal e trouxe o baiano Paulo Isidoro, liso que nem quiabo. De quebra, trouxe um capetinha também: Alex Alves, que, logo logo, estará fazendo o palestrino rolar de rir com o rilhar de dentes do inimigo. Mas o Palmeiras está solidamente plantado lá no topo da hierarquia nacional, e não quer saber de brincadeiras por enquanto. Por isso, Luxemburgo, que simplesmente não admite nem sequer um empate, passou a véspera do jogo contra o União afinando sua defesa. Afinal, que história é essa de o Palmeiras tomar um gol do Fluminense? Um absurdo. Luxemburgo quer apenas que o campeão ganhe todas, de preferência com seu arco imaculado. Será que é pedir muito nas atuais circunstâncias? Por falar em defesa, agora, sim, o Corinthians vai poder dormir sossegado, pois há anos não consegue ter uma parelha de beques do porte de Henrique e de Célio Silva, que ontem foi apresentado à torcida, no Parque São Jorge. Célio é um zagueiro que consegue reunir eficiência na marcação, boa estatura, bom cabeceio e ainda sair jogando com razoável competência. Ah, sim, e vai juntar-se a Paulo Roberto, Branco e Marcelinho na cobrança de faltas. Tem uma bomba respeitável no pé direito. No papel, agora, sim, trata-se de um Timão: do goleiro ao ponta-esquerda, nenhum cabeça-de-bagre. Só falta provar isso dentro das quatro linhas. Pelé queria o impossível: paciência para revelar seus craques. Pois, sim. Texto Anterior: Indurian é absolvido de doping na França; Francescoli volta ao River Plate; cruzeiro enfrenta o Olimpia no Paraguai; Mexicano presidirá organização da Copa; Inglaterra enfrenta EUA em Wembley; Masculino faz último amistoso no Brasil; Brasil pega Cuba na fase final do GP Próximo Texto: O pequeno Buda Índice |
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