São Paulo, quinta-feira, 8 de setembro de 1994
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EUA buscam apoio à invasão

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA

O secretário-assistente de Estado para assuntos interamericanos, Alexander Watson, chega hoje ao Brasil com duas missões impossíveis.
Ele tentará convencer os chanceleres do Grupo do Rio a apoiar a invasão do Haiti e a concordar com uma agenda para a Cúpula das Américas em Miami que não minimize assuntos de comércio.
A Folha apurou que a maioria dos grandes países da América do Sul dificilmente vai concordar com as propostas de Watson.
A invasão do Haiti vai ocorrer com ou sem o apoio dos sul-americanos, quando os EUA quiserem. A ONU já deu o seu aval e é isso o que interessa. Mas a Cúpula das Américas, programada para o início de dezembro em Miami, corre o risco de se tornar um mero encontro social.
Todo o histórico da cúpula é atrapalhado. A idéia surgiu a bordo do avião que levava o vice-presidente Al Gore ao México no início do ano para a cerimônia de ratificação do Nafta –Acordo Norte-Americano de Livre Comércio.
No entusiasmo de uma difícil vitória parlamentar obtida na véspera pelo governo Clinton, Gore resolveu aumentar o poder de seu discurso no dia seguinte, incluindo um convite para todos os chefes de Estado do hemisfério ocidental se encontrarem nos EUA.
Não havia agenda quando a proposta foi anunciada e está sendo difícil fechar uma agora.
Em março, quando se decidiu, por motivos eleitorais, que o local do encontro seria a cidade de Miami, o vice-presidente Gore falou em cinco temas para a pauta: democracia, governabilidade, investimentos, desenvolvimento sustentado e comércio.
Mas comércio é assunto polêmico nos EUA. A aprovação do Nafta foi traumática. A do acordo mundial do comércio é considerada difícil este ano. O objetivo dos EUA é retirá-lo da agenda de Miami. Ou, pelo menos, reduzi-lo ao mínimo indispensável.
As crises de Haiti e Cuba vão tornar ainda mais complicada a convivência dos chefes de Estado das Américas em Miami.
Muitos países, inclusive o Brasil, sentem-se incomodados com o fato de Cuba não ter sido convidada e se opõem à invasão do Haiti.

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