São Paulo, quinta-feira, 8 de setembro de 1994
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Equipe acha área da síndrome de abstinência

DA REDAÇÃO

Cientistas dos Estados Unidos conseguiram identificar uma parte do cérebro envolvida na síndrome de abstinência –o quadro de sinais e sintomas que um viciado apresenta quando deixa de receber a droga da qual é dependente.
Publicado na edição de hoje da revista britânica "Nature", os cientistas relatam que a área chamada núcleo accumbens, na base do cérebro, medeia os sintomas da síndrome causada pela interrupção da administração de drogas como a heroína ou a morfina.
Os sintomas dessa síndrome –que costumam aparecer algumas horas após a última dose administrada de heroína, por exemplo– incluem náuseas, vômitos, diarréia, tremores e cólicas abdmoninais e dores musculares.
Para evitar a síndrome, a pessoa dependente busca mais doses da droga. Com a descoberta do local do cérebro envolvido na produção desses sintomas, novas linhas de pesquisa poderão tentar criar drogas que amenizem ou eliminem por completo o quadro.
A descoberta foi feita por Glenda Harris, da Universidade Hahnemann, na Filadélfia. Ela relata que receptores especiais dentro do núcleo accumbens, quando ativados, diminuem a intensidade da síndrome em ratos viciados em morfina.
A pesquisadora descobriu também que, se esses receptores, denominados D2, são bloqueados, os sinais da abstinência ressurgem.
Segundo Harris, a atuação dessa área cerebral na síndrome pode ser mais ampla do que os resultados sugerem.
O trabalho publicado hoje indica que a área está envolvida no surgimento de sinais locomotores, como tremores musculares.
Mas a síndrome engloba também sinais psíquicos, com ansiedade e irritação.
"Esses resultados pedem mais pesquisa sobre o papel do núcleo accumbens na regulação do comportamento e não só em atividade locomotora", escreveu ela.
Gery Schulteis, do Instituto de Pesquisa Scripps, em La Jolla, Califórnia, ressalta que a descoberta não significa que a síndrome de abstinência seja originada a partir do núcleo accumbens.
A área cerebral, segundo ele, pode estar envolvida apenas na expressão desses sinais.
Os dados são básicos e não implicam tratamento contra a síndrome de abstinência a curto prazo.
Os pesquisadores não trabalharam com o cérebro humano, mas com o de ratos. Além do mais, os sinais da síndrome de abstinência foram induzidos artificialmente com uma droga. Harris não indicou se está investigando o mesmo efeito em seres humanos.

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