São Paulo, quinta-feira, 8 de setembro de 1994 |
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Justiça Eleitoral requisita ofício de Stepanenko
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O ministro das Minas e Energia, Alexis Stepanenko, terá que apresentar à Justiça Eleitoral o original do ofício que enviou ao presidente Itamar Franco.No ofício, o ministro sugere a presença do presidente em inauguração de obra em Sergipe "para reforçar" a candidatura de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) à Presidência. O corregedor-geral eleitoral, ministro Flaquer Scartezzini, determinou ontem que Stepanenko forneça o original em cinco dias. Ele está em viagem oficial à China prevista para terminar somente no dia 16 próximo. Stepanenko terá o mesmo prazo para apresentar defesa prévia no processo por abuso ou desvio de poder. A Presidência da República também terá que fornecer, no mesmo prazo, o fac-símile do ofício, enviado a Itamar em agosto. Nele, o ministro sugere ao presidente que compareça na inauguração do porto da Barra de Coqueiros, no Estado de Sergipe. "A presença do presidente da República é da maior importância para o povo por ser obra deste governo. Além disso, pode ser um evento para reforçar a candidatura de Fernando Henrique Cardoso no Estado e na região", diz o texto. No ofício, Stepanenko informa a Itamar que Fernando Henrique Cardoso, a quem se refere como "nosso candidato", também foi consultado. O Planalto tem considerado os atos de Stepanenko como posição "isolada" e nega o uso da máquina no processo eleitoral. Mas Itamar deve voltar a falar o ministro sobre o caso. "Quando o ministro chegar de viagem, vou ter uma conversa com ele. Espero que fatos como esse não se repitam", disse ontem o presidente Itamar Franco. Representação O ministro Scartezzini acatou representação do PT contra Stepanenko. O candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, pediu a demissão do ministro. Para Lula, o "ministro é reincidente" em usar a máquina para favorecer o tucano. A Folha divulgou bilhetes anteriores de Stepanenko a colegas e subordinados, onde ele vincula ações do governo à candidatura de Fernando Henrique. Hargreaves O ministro-chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves, negou ontem o uso da máquina administrativa com uma expressão já utilizada por FHC para o mesmo fim. "Tem que apresentar mais trabalho em vez de ficar procurando chifre em cabeça de cavalo", disse, após o desfile militar. Segundo Hargreaves, as denúncias de que o governo está usando sua estrutura em benefício de FHC não passam de "apelo eleitoral". "Se a máquina estivesse sendo usada, vocês veriam o que era bom para a tosse", afirmou. Segundo Hargreaves, o ofício de Stepanenko dirigido a Itamar foi "uma atitute isolada" do ministro. Para o chefe da Casa Civil, não houve sequer tentativa de uso de órgãos do governo para beneficiar Fernando Henrique Cardoso. "O presidente não permitiria. O presidente é muito ético", afirmou. Hargreaves, ao contrário do que disse o presidente, afirmou que Stepanenko não será advertido ou repreendido. "O presidente já havia feito esta advertência antes. O presidente não vai fazer apelos. Ele já deu uma ordem. Deu e acabou", disse. O ministro não especificou quando a ordem foi dada. Segundo Hargreaves, o limite ético dos ministros "não depende de candidatos ou dos processo eleitoral". "A ética é a ética e cada um tem a sua", disse. Para Hargreaves, a notificação da Justiça Eleitoral feita a ministros para que apresentem defesa das acusações de uso da administração não desgasta o governo Itamar Franco. Segundo ele, o governo não pode deixar de inaugurar obras prontas por causa da proximidade das eleições. "Não vamos convidar candidatos, vamos inaugurar obras evitando oba-oba", disse. Texto Anterior: Ciro é 'odalisca da caatinga', diz Quércia Índice |
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