São Paulo, quinta-feira, 8 de setembro de 1994
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Tecelagens refutam possibilidade de taxa zero

FILOMENA SAYÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria têxtil refuta qualquer possibilidade de o governo baixar para zero a alíquota de importação.
"Se isso acontecer, a indústria fecha. Zerar é uma besteira", afirma Luiz Americo Medeiros, 71, presidente do Sinditêxtil, que reúne 782 tecelagens de São Paulo.
Ele argumenta que em nenhum país do mundo a indústria local suportaria uma política dessas. Mesmo na União Européia ou nos Estados Unidos, onde a alíquota de importação é baixa, existe uma cota.
Esta não deve ser ultrapassada como uma medida para proteger as indústrias locais.
Aref Farkouh, 42, vice-presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), diz que zerar alíquotas de importação seria maléfico para o setor a curto, médio e longo prazos.
Farkouh alega que o preço das roupas não baixaria. Ele explica que a maior parte do preço final do vestuário não é proveniente de custos industriais.
Para o empresário, custos financeiros, tributários e da margem de venda do varejo ("mark-up") são os responsáveis pela maior parte do preço.
Além disso, o tecido representa 10% no preço da roupa ao consumidor.
Na importação, acrescenta ainda, não há repasse do preço baixo para o comprador. "O importado é valorizado pelo lojista", alega.
A longo prazo, defende, a medida poderia sucatear a indústria. Em outras palavras, iria "quebrá-las e deixá-las ruim financeiramente –isso não permitiria que fossem reequipadas".
Preços
Medeiros afirmou que os preços do setor de 93 para este continuam estáveis, com duas exceções.
Uma delas foi o aumento de tecidos de algodão. A safra desse produto foi ruim tanto no mercado local quanto no internacional. O preço subiu de dezembro passado para hoje de 53 para 80 centavos por libra/peso, disse.
Desde a chegada do real também houve aumento nos tecidos sintéticos (poliéster, náilon, viscose e acrílico).
Segundo o presidente do Sinditêxtil, empresas do Pólo Petroquímico de Camaçari (Salvador, BA) subiram 8% seus preços para os produtos químicos que são utilizados na composição desses tecidos.
"Tivemos que engolir isso", reclama, querendo dizer que o aumento não foi repassado para os preços.
Já Farkouh diz que houve repasse de 5% para as tecelagens. "Tivemos que absorver. A concorrência não permitiu que repassássemos a alta."
Os tecidos sintéticos representam cerca de 20% da produção do setor. Toda a cadeia têxtil faturou em 93 US$ 16 bilhões.

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