São Paulo, quinta-feira, 8 de setembro de 1994
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A magnética pergunta até quando Telê?

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, qual é o time verdadeiro do São Paulo? Alguém sabe? Alguém se arriscaria a dizer?
Houve um tempo em que quem entrava na equipe do São Paulo virava craque de seleção brasileira. Agora, nem os grandes craques do time jogam bola.
Ontem, mais uma vez, diante de um quase inofensivo Vitória (o que houve com o homem chamado Cavalo?) o São Paulo expôs a mesma mediocridade a que os seus torcedores estão se acostumando.
Arrancou o empate frente ao Vitória que não ganha de ninguém com um pênalti um pouco esquisito. Até quando Telê? Até quando São Paulo?

Futebol tabém é uma questão de detalhes tão pequenos de nós dois, como diria o vascaíno Erasmo Carlos.
Não é possível que a CBF permita que Palmeiras e União São João se enfrentem com dois uniformes praticamente iguais quando os jogadores estão em movimento –e é só esta hora que interessa.
As regras que valem para a Copa e para os grandes jogos internacionais devem prevalecer também no maior campeonato brasileiro. Um time deveria usar a camisa verde. O outro, a branca. E ponto.
Ontem, os dois estavam com camisas mezzo verde, mezzo branca. E ambos com calções brancos. Ficou um jogo confuso de ver no campo e pior ainda na TV.

Andei criticando aqui neste espaço as contratações do Corinthians. Esclareço que mais a orientação geral que as presidia do que propriamente a qualidade dos jogadores importados pelo alvinegro.
Jogadores que alugam seus passes por uma temporada, na minha opinião, pouco acrescentam ao projeto de um time.
Além disso, a questão corintiana é menos ganhar um título logo do que formar um esquadrão para disputar títulos por três ou quatro temporadas seguidas –como fizeram São Paulo e Palmeiras.
Ou, para usar uma referência da própria história recente do Corinthians, montar um time como o da geração Sócrates, Casagrande e Palhinha –que manteve o alvinegro nas cabeças por alguns anos.
Seja como for, com a chegada de Célio Silva, o alvinegro consolida, do ponto de vista do currículo (capacidade técnica, disposição de luta e experiência), a melhor defesa do país –ao lado da do Palmeiras.
Como o ataque do Corinthians também está nos trinques –Marcelinho, Marques, Viola, com a chegada do Souza– o enigma para Jair Pereira reside no meio-campo. Se decifrá-lo...

A burocracia ineficiente que comanda o futebol brasileiro levou quase cem jogos para descobrir o que o bom senso sabia muito antes de começar o Campeonato Brasileiro.
Que a troca da suspensão de atuar em jogos por multas pecuniárias para os jogadores que receberiam cartão amarelos funcionaria, na realidade, como estímulo para a violência.
A CBF constatou o óbvio.
Sou daqueles que acreditam que a pena pecuniária deveria ser empregada em vários casos da chamada Justiça comum –evitando a prisão injusta para quem não ameaça vidas humanas.
Mas o argumento não tem efeito similar no caso do futebol. Em primeiro lugar, porque a multa em dinheiro muitas vezes não atinge o jogador. É o clube que desembolsa a grana em seu lugar.
Em segundo, em muitas faltas violentas há o risco enorme de se eliminar a vítima do futebol –o que equivaleria à morte do jogador. A única solução é suspender –e suspender com muito rigor.

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