São Paulo, quinta-feira, 8 de setembro de 1994
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Igreja firma sua posição no Cairo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Vaticano reiterou ontem sua oposição ao aborto, aos métodos artificiais de contracepção e em defesa da família tradicional na Conferência Sobre População e Desenvolvimento que se realiza no Cairo, Egito. O cardeal Renato Martino disse que a posição da Igreja sobre paternidade responsável "é bem conhecida, ainda que muitas vezes mal compreendida".
Para Martino –representante do Vaticano junto à ONU–, algumas pessoas podem considerar essa posição "muito exigente para o homem e a mulher de hoje".
"Mas nenhum meio de promover o mais profundo respeito à vida humana e ao processo de sua transmissão será um processo fácil", disse Martino, aplaudido pela platéia.
As negociações sobre um trecho especialmente polêmico do texto discutido no Cairo foram adiadas ontem. Só o Vaticano havia se oposto a uma proposta de conciliação apresentada anteontem pela União Européia sobre aborto.
Ontem, países como Argentina, Eslováquia, Malta, Chile e Uruguai apoiaram a Igreja.
O ministro da População do Egito, Maher Mahran, criticou o Vaticano. "Nós respeitamos o Vaticano, respeitamos o papa, mas não aceitamos que niguém imponha suas idéias. Se eles não vão negociar, porque vieram?", disse.
O chefe da delegação dos EUA, Timothy Wirth, Lynda Chalker, do Reino Unido, e o presidente egípcio, Hosni Mubarak, –que falou sobre os países muçulmanos– defenderam que as delegações que não aceitam o texto de compromisso assinem o documento expressando suas reservas.
Em seu discurso à plenária da conferência, o cardeal Martino fez objeções a uma das expressões usadas no texto-base. Para Martino, não há "aborto seguro", porque ao menos uma vida sempre se extingue com um aborto.
"Novas vidas, desde seu início, têm o direito de ser generosamente acolhidas numa amorosa e estável comunhão da família, o grupo que é a unidade natural e fundamental da sociedade", disse Martino. Sua defesa do direito dos pais e só eles decidiram sobre planejamento familiar concorda com a posição da delegação brasileira.
Martino defendeu a família tradicional, contra tendências que vê na conferência de legitimar outras uniões, inclusive de homossexuais. "A Santa Sé vigorosamente rejeita qualquer tentativa de enfraquecer a família ou propor uma redefinição radical de sua estrutura", disse.

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