São Paulo, quinta-feira, 8 de setembro de 1994
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Guias se divertem enquanto trabalham

EDSON FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um bom guia deve ser culto, conhecer línguas, ser extrovertido, loquaz e possuir um humor à prova de contratempos, segundo profissionais da área. Algumas situações curiosas ou divertidas ajudam os guias de "city-tours" a preencher o último requisito.
Turistas japoneses proporcionaram uma noite inesquecível para o guia da Motobil, Marco Antonio Osorio de Camargo. Era uma comitiva de empresários que pediu para visitar uma boate.
Entusiasmado com o tratamento que recebeu, o líder do grupo pagou para que algumas garotas da boate passassem a noite com a equipe da empresa.
"Tinha um de nós que era recém-casado. Ele subiu com a garota para o quarto, entregou o dinheiro a ela e foi embora sem aproveitar o presente."
Outro caso envolvendo orientais é lembrado por Marcos Hennies, dono da Motobil. "Um coreano milionário, chamado senhor Lee, nos pediu para buscá-lo no hotel para um passeio. Mandei um de nossos melhores guias. O problema é que ele tinha 1,80 m."
Orgulhoso no alto dos seus 1,50 m, o senhor Lee não admitia ter que olhar para o alto para se comunicar com um simples mortal. O guia foi trocado.
O que há em comum entre a Seleção Brasileira de Futebol e o prefeito da cidade de Iguatu, no interior cearense? O excesso de bagagem, segundo Sergio Luiz Rigoli, da Áquilla Turismo.
"O prefeito esteve aqui no começo do ano. Fiz diversas viagens da Galeria Pagé até o hotel com a minha Besta carregada de badulaques comprados por ele."
A carga era constituída por mercadorias que iam desde um moderno aparelho de som até um providencial jogo de panelas com revestimento antiaderente.
Os "city-tours" misteriosos são uma tradição escocesa. Apesar de não ter o mesmo apelo no Brasil, o guia Roberto Francisco Flores Davidson já levou turistas a cemitérios diversas vezes.
"Os americanos adoram nossos mausoléus", afirma. Segundo Davidson, o rush de movimento nos cemitérios foi na época da descoberta do túmulo do médico alemão Josef Mengelle, em um cemitério na cidade paulista do Embu.
"Levei uns cinco americanos que queriam ver com os próprios olhos se o nazista tinha morrido de fato."
Um guia da Opcional recolheu dois americanos hospedados em um hotel cinco estrelas para um "city-tour". Na volta estavam todos sem camisa, descalços e com a barra da calça arregaçada.
A sessão de nudismo rápido provocou um pequeno rebuliço na recepção do hotel. "Era pleno verão e estava muito calor", lembra Júlio de Souza, dono da empresa.

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Sobre "city-tours" em São Paulo na pág. 6-16

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