São Paulo, sexta-feira, 9 de setembro de 1994
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Naomi Campbell lança livro e grava disco

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

A piada entre jornalistas esta semana na festa de lançamento do livro "Swan", da supermodelo inglesa Naomi Campbell, 24, era quem iria perguntar à autora se ela tinha lido sua própria obra.
A editora Heinemann admite a colaboração de uma "ghost writer", Caroline Upcher, para quem Naomi teria enviado fitas onde narrou a história de cinco jovens modelos disputando um grande contrato de uma empresa de cosméticos.
O jornal "The Guardian" considerou o livro "execrável". Ele começa com a frase: "Meu nome é Swan e eu sou uma supermodelo". Naomi diz que o romance é um pouco autobiográfico e vem com a clássica explicação: "Cada persongem tem um pouco de mim".
Uma das cinco modelos, porém, parece mais identificada com Naomi. Amy "tem um metro e oitenta, segunda geração de jamaicanos e é virgem". A altura e a origem jamaicana conferem.
A imprensa afirma que Naomi levou US$ 150 mil pelo livro, enquanto Upcher teria ficado com US$ 22 mil. O Swan do título ("cisne" em inglês) é o apelido de uma das modelos, a narradora da história. "Ela nunca vai passar pela fase patinho feio. Com aquele pescoço ela já é um cisne", explica a professora de Swan no livro.
Naomi não vai parar na literatura. Em outubro, a Sony está lançando seu primeiro disco, de um contrato de três assinado com a modelo: "Baby Woman".
Naomi diz que seu sonho sempre foi ser cantora e que entrou na carreira de modelo com esse objetivo. Aos 14 anos ela foi recrutada por um "caçador de talentos" da agência Elite quando fazia compras em Convent Garden (Londres).
Outros destaques de seu currículo são os namorados famosos –Mike Tyson, Robert de Niro, Adam Clayton (baixista do U2)– e a participação em "Sex", o livro erótico de Madonna, da qual se arrepende. "Foi um grande erro. Não imaginei como o livro iria chatear minha mãe e minha avó", diz ela.
"Swan" fala muito da "vida dura" de modelo e das intrigas nos bastidores e "punhais pelas costas". Que o diga seu ex-patrão John Casablancas, dono da agência Elite, de onde Naomi saiu conturbadamente no ano passado, sendo acusada por ele de negociar outro contrato pelas suas costas.
Na concorrida festa de lançamento de "Swan", numa livraria de Charing Cross, na segunda-feira, Naomi apareceu com um vestido branco desenhado por Vivienne Westwood, que tinha a intenção de lembrar a silhueta de um cisne.
Mas a grande sensação da festa foi a mãe da modelo, Valerie, 19 anos mais velha que a filha. Valerie, ex-dançarina, deixou a filha com a avó para poder dançar pelo mundo numa companhia da cadeia de hotéis Hilton. Com o dinheiro ganho, mandou Naomi para os melhores colégios ingleses.
O investimento compensou. Hoje, Naomi ganha cerca de US$ 20 mil por dia de trabalho e, com livro e disco no mercado, há até quem a chame de mulher renascentista.

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